Discordo do senador Jarbas Vasconcelos, quando critica a presença de Dilma no velório de Eduardo Campos, tanto ela, quanto Aécio, Lula, governadores, e outras autoridades políticas tinham que estar lá.
Esqueçamos por um momento a campanha eleitoral. Quem morreu? Um ex-governador de estado, herdeiro de Miguel Arraes e de grandes serviços à população. Eduardo tinha liderança partidária e profundo respeito de seus adversários. Por tudo que fez, seria natural ter um velório digno de uma grande liderança nacional, e receber a visita oficial da Presidente da República.
Acho que Dilma relevou as nuances eleitorais e veio demonstrar respeito a Eduardo. Não era uma amiga, er adversária política, mas isto não quer dizer que seja inimiga e que trataria com desdém o velório do ex-governador. Pra mim, acertou. Na vinda e na forma como se posicionou, com discrição.
Aécio tinha mais aproximação com Eduardo, principalmente nos últimos tempos. Eram de uma mesma geração, mas o que os aproximou mesmo foram as circunstâncias políticas. Em uma democracia, deve haver o respeito aos adversários, e o enfrentamento deve ser de ideias, com a solidez da relação entre as pessoas.
Já Lula era mais que um amigo. O ex-presidente tinha com Eduardo com uma relação afetiva, de quem gosta da pessoa, independente da política. Infelizmente a conjuntura os afastou, já que Eduardo criou seu próprio projeto, enfrentando o PT de Lula, a quem sempre defendeu em seus debates, deixando a amizade preservada. E vice-versa.
Lula sentiu de verdade, e neste caso, a morte de Eduardo ajudou o ex-presidente a mostrar seus sentimentos, o verdadeiro Lula que as pessoas conhecem, que chora.
Lula sentiu de verdade, e neste caso, a morte de Eduardo ajudou o ex-presidente a mostrar seus sentimentos, o verdadeiro Lula que as pessoas conhecem, que chora.
Novamente, infelizmente, os caminhos não são os mesmos, e o ideário de Eduardo estará com Marina, e o amigo Lula não terá Eduardo do seu lado, nem como correligionário, nem mais como um amigo, que no momento estava distante, mas que o futuro trataria de reuni-los. Fica aquela impressão de quem perdeu alguém quando estava "brigado", mas todo mundo sabe que vão fazer as pazes. (Li isto em algum lugar).
Quanto ao destaque eleitoral dado ao velório de Eduardo Campos, acho natural. Foi o que pediu o candidato, e a família, que não tinha muito tempo para vestir o luto, precisou dar um sentido à continuidade do projeto de Eduardo, encampado em nível nacional por Marina, e que eleva Renata Campos à condição de líder socialista. A família resolveu não desistir do Brasil, nem de Eduardo.