Meu caro Paulo:
Concordo com muitas das observações que você faz em sua entrevista. Lembro muito do garoto Paulo correndo nas calçadas da Rua Dantas Barreto, filho de uma das figuras mais dignas que conheci na minha vida, Seu Joel, impoluto servidor público numa época em que a honradez era a regra geral enaltecida por todos.
Discordo de você, meu amigo, de sua obsessão xenofóbica de imaginar que a QUESTÃO DE GARANHUNS reside numa certidão de nascimento. A coisa vai muito mais além e, de acordo com a
sabedoria popular, “O buraco é mais embaixo”. Reconheço e afirmo de público que você é uma das poucas lideranças políticas em nossa terra que discute POLÍTICA enquanto a grande maioria limita-se a se engalfinharem em discussões estéreis que não trazem qualquer benefício expressivo para Garanhuns.
Os executivos consideram arranha-céus como exemplo de desenvolvimento quando na verdade eles seriam, quando muito, frutos desse “desenvolvimento distorcido”; são sequiosos de pintura de meio fio e calçamento com o dinheiro alheio, sem a prévia providência do indispensável saneamento que representa, sobretudo, saúde para a população; não planejam nada para a educação básica que deveria começar com a erradicação do analfabetismo; obras de fachada como a reforma da Avenida Santo Antônio que são importantes, bonitas e deleitam os olhos da população, mas não cuidam, antes de tudo, das obras de infraestrutura imprescindíveis a serem previstas em um Plano de Mobilidade Urbana, antes que a cidade seja engessada e não mais se permita circular nela e sem esquecer que esse Plano foi proposto à Prefeitura pelo CDL com apoio do Governo do Estado desde 2008; não consideram a importância de um mega-projeto para implantar uma nova fronteira de desenvolvimento no Arco Rodoviário e ser criado na BR-423 duplicada, conforme proposto há dois anos atrás.
Quanto ao Poder Deliberativo, é mais lamentável ainda a ausência de uma participação propositiva no encaminhamento de propostas para esse modelo de desenvolvimento; resumem-se e se satisfazem com uma passada de patrol em algumas ruas ou estradas rurais; formulação de indicações para obras do governo do Estado e Federal, sobretudo quando tomam conhecimento de que estejam programadas nos respectivos orçamentos e aí então arguirem a paternidade do melhoramento; atribuição de comendas e/ou títulos de cidadão para conquistarem votos das respectivas famílias e, muito menos, a elaboração de um planejamento de transporte coletivo em benefício da grande maioria da população que utiliza esse meio de transporte. Não escutam a população para nada e repele-se qualquer ideia saudável quando é levantada por terceiros e o melhor exemplo disso, meu caro Paulo, é sua inteligente proposta de instalação de teleféricos para a cidade que você levantou desde 2002 e até hoje ninguém levou em consideração.
A única coisa que me anima, Paulo, é que devemos persistir até que um dia sejamos escutados e se pense seriamente nos benefícios da nossa terra que precisa, MAIS QUE TUDO, de geração de emprego e renda para sua população.
Grande abraço de Ivan Rodrigues