Profundo conhecedor da indústria e comércio no Brasil, o senador Armando Monteiro, ex-presidente da CNI - Confederação Nacional das Indústrias, e com influência no chamado Sistema S, que congrega Senai, Sesi, Senac, Sesc, etc, sempre foi um nome natural para compor um ministério, mas principalmente na pasta que hoje ocupa, justamente, Desenvolvimento de Indústria e Comércio. Seu sonho sempre foi ser governador de Pernambuco, mas não tem como desconsiderar uma biografia política como senador e ministro.
Se Armando tivesse sido ministro de Lula no auge dos investimentos, estaria hoje no panteon da indústria nacional. Mas deu a sorte e o azar de ser convocado por Dilma, em seu pior momento.
Claro, não foi ele que escolheu ser ministro, foi convidado até como uma compensação do apoio que deu a Dilma em Pernambuco, mesmo após uma derrota sofrida, impactada pela morte de Eduardo. E também pelo que representa, já que Dilma optou por ministros nas áreas de economia e produção que tivessem diálogo com o capital, com Armando, Joaquim Levy e Kátia Abreu.
Dilma chamou Armando, que vislumbrou projetos, inclusive internacionais, mas a economia desandou, o dinheiro faltou, e os investimentos deram marcha à ré. E Armando se torna, inocentemente, o ministro do recuo da indústria, do desemprego, da alta dos preços, da volta da inflação...
Mas tem uma boa notícia que pode ajudar o ministro.
A alta do dólar atrapalha as importações. Fica mais caro trazer produtos do exterior, e a indústria nacional pode ganhar com isto, mas primeiro vamos ver se ela aguenta a volta dos tributos na folha de pagamento, a queda do consumo, o endividamento da população que reflete na prateleira do supermercado e nos pátios cheios das montadoras.
Outro dado que pode ajudar é que a alta do dólar também ajuda nas exportações, para quem vende e recebe em dólar, ou seja, as indústrias que estão preparadas e têm logística para mercados consumidores, como a China.
E aí? Sorte ou azar de Armando. Depende do ponto de vista.