O Grito dos Excluídos encerra, de forma não oficial, os desfiles do Sete de Setembro em várias cidades do país, inclusive Garanhuns. Trata-se de uma caminhada, organizada por lideranças católicas e diversos movimentos sociais, sindicatos e entidades que lutam por segmentos desfavorecidos. O objetivo é usar o dia da independência para atrair os olhares para os problemas sociais.
O tema foi escolhido no mês de abril, quando o país só começava a viver a efervescência econômica e política que vive atualmente.
O vice-coordenador nacional da Pastoral Carcerária, Padre Gianfranco Graziola, explica o lema do 21º Grito dos Excluídos .
“Começamos perguntando-nos: ‘Que País é este?’ E as respostas vêm do dia a dia, das periferias, onde sobrevivem as famílias pobres, das juventudes que sofrem as retaliações e as exclusões de uma sociedade elitista e seletiva, dos negros e periféricos vítimas das drogas e do sistema, encarcerados e esquecidos nos porões e pocilgas humanas do perverso sistema carcerário, dos operários de quem, aos poucos e sutilmente, são retirados os direitos, dos idosos mendigando o direito a viver com dignidade os últimos dias de sua vida”, afirma o Padre.
"O Grito chega ao seu 21º ano de realização e não pode se calar; mesmo não sendo o evento das grandes massas é, porém, a fala de quem não se deixou engolir pelo desespero do mundo..."
Sobre a questão da mídia, padre Gianfranco argumenta como o Grito dos Excluídos pode chamar a atenção para o poder dos meios de comunicação na manipulação da sociedade.
Esse evento nasceu de duas fontes distintas, mas, complementares. De um lado, teve origem no Setor Pastoral Social da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), como uma forma de dar continuidade à reflexão da Campanha da Fraternidade de 1995, cujo lema – Eras tu, Senhor – abordava o tema Fraternidade e Excluídos.
De outro lado, brotou da necessidade de concretizar os debates da 2ª Semana Social Brasileira, realizada nos anos de 1993 e 1994, com o tema Brasil, alternativas e protagonistas. Ou seja, o Grito é promovido pela Pastoral Social da Igreja Católica, mas, desde o início, conta com numerosos parceiros ligados às demais Igrejas do CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs), aos movimentos sociais, entidades e organizações.