Título integra a Coleção Memória, que destaca a história
e o legado de pernambucanos ilustres
A trajetória de vida de Marco Maciel, personagem ativo da história política brasileira, está reunida no livro Marco Maciel, um artífice do entendimento, que a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) lançará nesta segunda-feira (02.10), a partir das 19h, na Academia Pernambucana de Letras. Escrito pelo jornalista Angelo Castelo Branco, a obra é apresentada pelo ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, sendo o oitavo título da Coleção Memória, que destaca em biografias figuras expressivas da história política e cultural de Pernambuco.
Em 226 páginas, trinta capítulos e mais de 70 fotos históricas, o livro relata a formação do homem e da figura pública de estilo discreto – perfil reforçado pelos depoimentos assinados por Roberto Magalhães, Gustavo Krause, Roberto Parreira, Antônio Araújo, Margarida Cantarelli, Everardo Maciel, Joaquim Francisco, José Jorge Vasconcelos e Nilson da Silva Rebello. Contextualiza cenários sociopolíticos e apresenta ao leitor posicionamentos e situações vividas pelo biografado desde os tempos em que acompanhava o pai, José do Rego Maciel, ex-prefeito do Recife e ex-deputado federal, em agendas políticas, sua intensa militância estudantil, a atuação nos governos militares, seu papel nas articulações que levaram à redemocratização e a última disputa eleitoral, em 2010, quando não conseguiu voltar ao Senado Federal, abandonando de vez a política.
No prefácio, Fernando Henrique Cardoso, que teve Marco Maciel como vice-presidente em seus dois Governos, destaca a personalidade e a prática política do pernambucano ao longo de meio século de vida pública. “Ponderado, tinha horror à crença ideológica cega e também à arrogância da razão. Homem de princípios, não desdenhava das orientações alheias. Construtivo na vida pública, derrubava barreiras, não construía muros que impedissem o diálogo. Esta questão, a das personalidades democráticas, das mentes abertas, é fundamental para que o jogo democrático se constitua e se mantenha. Especialmente nos dias que correm, quando o ódio substitui muitas vezes o respeito à divergência, a trajetória política e pessoal de Marco Maciel se torna ainda mais relevante. Sempre foi um construtor de pontes”, avalia.
Marco Antônio de Oliveira Maciel, recifense nascido no dia 21 de julho de 1940, ocupou todos os cargos estratégicos no Legislativo e no Executivo: foi deputado estadual (e líder bancada governista), duas vezes deputado federal (assumindo a presidência da Câmara no segundo mandato), ministro da Educação e Cultura, ministro-chefe do Gabinete da Presidência da República, senador por três mandatos, governador de Pernambuco e por duas vezes vice-presidente do Brasil. “Ele exerceu a arte da política como instrumento de permanente aperfeiçoamento das instituições e das relações entre estas e a sociedade. Sei ideal político foi além da construção física de obras. Desejava erguer uma sociedade movida pela justiça social e um sistema de governo capaz de oferecer desenvolvimento e oportunidades iguais a todas as pessoas através da educação pública de qualidade”, aponta Angelo Castelo Branco, que o assessorou no Governo do Estado e no Ministério da Educação.
Ocupante da cadeira de número 22 da Academia Pernambucana de Letras e da cadeira 39 da Academia Brasileira de Letras, Marco Maciel, hoje, aos 77 anos, acometido pelo mal de Alzheimer, vive sob os cuidados da família, ao lado da esposa, Anna Maria Maciel, companheira há 50 anos, em Brasília, mas longe dos jogos do poder.
