Muito oportuna a Audiência Pública que a Assembleia Legislativa do Estado realiza nesta manhã de sexta-feira, às 10h, no auditório da UPE, sobre o desenvolvimento econômico de Garanhuns, presidida pelo deputado Erick Lessa e solicitada pelo deputado Sivaldo Albino.
Escrevo aqui algumas considerações.
Garanhuns precisa de planejamento de médio e longo prazos, precisa definir suas prioridades, focar nos investimentos, e que, suas principais lideranças políticas entendam que o município é mais importante que suas vontades e divergências políticas ou administrativas.
Explico.
Não dá para entender o desenvolvimento de Garanhuns sem deixar de comparar com outras importantes cidades do interior. Arcoverde tem conseguido avançar com investimento em cultura, boa gestão, e valorização de suas próprias qualidades. Melhorou o trânsito, que é exemplo para dezenas de outros municípios. Valorizou suas feiras, a CECORA tem até internet wi-fi, atraiu bons cursos universitários, com destaque para a UPE e a AESA, inaugurou um terminal regional de passageiros, e construiu uma festa de São João nos moldes de Campina Grande e Caruaru. O Côco virou festa e um produto cultural, enquanto isso não temos nada de reisado em Garanhuns, uma casa, uma exposição. Somente Gonzaga. A produção cultural apoiada por uma lei de incentivo municipal não existe.
Caruaru, de onde vem o deputado Erick Lessa, mantém uma estrutura econômica ao passar dos anos, a exemplo da Feira de Caruaru, cantada por Onildo e Gonzagão, que mesmo precisando ser repensada, ainda é o coração da economia popular da Capital do Forró. Caruaru focou no desenvolvimento urbano, a área de construção civil lembra capitais do Nordeste, e o São João continua o maior do mundo. Focou também na industrialização, e já tem três ou quatro distritos industriais.
Arapiraca, para deixarmos um pouco Pernambuco, precisou se reinventar após a decadência agroindustrial do fumo, coisa que passamos com o café, e sentimos o abalo recente na bacia leiteira. Hoje, a capital do interior alagoano acompanha os passos de Caruaru. Com crescimento urbano ordenado e movimentação econômica que possibilitou também a ter seu Shopping Center.
E Garanhuns? Vamos vivendo de improviso e festas. Não há um planejamento estratégico que perpasse governos.
Quais nossas prioridades?
Turismo? Não temos estudos, e se temos não chegam nas mãos do Trade. Quantos turistas recebemos nos finais de semana, quem são, o que querem, o que podemos oferecer a mais e como poderíamos explorar melhor este segmento que todos dizem ser nossa principal característica econômica? Assim, vamos vivendo de festas. Precisamos que isto funcione independente de grades de programação.
E por falar nas festas, se somos a Terra dos Festivais, não poderíamos ter acabado com o Garanhuns Jazz, nem outras que renderam bons resultados, como o Jovem Guarda e a FEMUARTE. Quiçá os já longínquos Festivais da Primavera e Oktoberfest. Temos o Natal, um grande acerto que teve continuidade na passagem de governo, e maior incremento na atual gestão, mas isto não daria o direito de por fim ao exitoso Jazz Festival. E o Viva Dominguinhos, que questionado pela família do músico, a gestão municipal ameaçou mudar o nome, descaracterizando totalmente o grande evento homenagem.
Se o Festival de Inverno é nosso maior produto turístico-cultural, precisamos que ele continue por todo ano, seja permanente em museus de imagem e áudios, exposições, prévias, produções de livros, shows, etc.
Educação? Verdade, desde muito tempo Garanhuns é a terra da educação. Dos colégios às universidades. Vamos portanto estudar como segmento econômico? Se vamos, era para estar todo mundo integrado na luta da UFRPE/UAG/UFAPE, porque está em risco a continuidade da Universidade Federal do Agreste se forem mantidos os cortes na educação anunciados pelo Governo Federal.
Comércio? Se comércio é uma prioridade, então não era para ter deixado o centro da cidade esquecido por tanto tempo. Ainda bem que vem uma reforma por aí, antes tarde do que nunca, mas se colocou uma porção de outros investimentos na frente que não tinham a mesma relevância.
O polo econômico comercial da Duque de Caxias vive à míngua, não tem sequer uma agência bancária, um caixa eletrônico, uma ordenação do trânsito, um banco para sentar enquanto se descansa de compras.
O comércio informal que envolve a agricultura e a venda de seus produtos vem passando por dificuldades. Se a feira é estratégica, não dá para a CEAGA vier em um reforma que não termina nunca. Um prejuízo que ninguém contabiliza, com a queda na movimentação semanal. E a padronização das feiras? O próprio Ministério Público está recomentando que a licitação que contratou uma empresa para este serviço seja cancelada. A assustar a falta de diálogo com os feirantes, que foram pegos de surpresa e muito da negativa foi pela falta de esclarecimento, ampliada depois pelas dúvidas geradas na seriedade da contratação.
A bacia leiteira, nosso grande orgulho. Não temos mais parques de exposição. A indústria do leite vive em uma constante luta com os produtores, preços defasados, importações de leite em pó. Sem contar períodos de seca, quase a provável importação de leite da Nova Zelândia subsidiado pelo governo federal. Se a bacia leiteira é prioridade, não vemos manifestações da gestão municipal pelo seu fortalecimento. Cito isto porque vemos avanços por parte do Governo Estadual, e nosso tema hoje é o desenvolvimento de Garanhuns.
Poderia dar outros exemplos, mas vamos encerrar com mais uma consideração.
Em recente entrevista, o atual prefeito, questionado pelas obras de creches paradas, afirmou que eram do governo anterior. Isto explica muita coisa. Esperamos que os futuros governos tenham um pensamento diferente, que deem continuidade ao que está dando certo, que façam ainda mais investimentos, que deem prioridades ao que pode impulsionar nosso desenvolvimento, e esta reunião de hoje em Garanhuns é um novo pontapé para solucionar estas equações.
Garanhuns precisa de um plano de desenvolvimento integrado, Sivaldo acerta em puxar este debate, sei que muitos vão dizer que é pensando na eleição do próximo ano, independente disto, precisamos debater o município seriamente, e a Assembleia Legislativa dá sua contribuição, seria bom que todos se integrassem e pudéssemos montar este planejamento estratégico, devemos isto às futuras gerações, a exemplo dos nossos filhos, ou vamos ver um novo êxodo como aconteceu nos anos 70, 80 e início deste século, com os nossos jovens indo para Recife para estudar, e ficando para trabalhar, e só retornando para Garanhuns para rever a família nos períodos de festas. Nossas festas, que são realmente muito boas, mas não impulsionam sozinhas uma cidade de 140 mil habitantes, polo de uma região de mais de meio milhão de pessoas.
E por que falamos tanto da gestão municipal, simples, porque ela é a gestão municipal.
Que venha a Audiência Pública sobre o Desenvolvimento de Garanhuns.
Voltaremos ao tema, com mais óticas sobre o tema, a exemplo dos atores que podem contribuir: Deputado Fernando Rodolfo, ALEPE, AD-DIPER, Governos Municipal, Estadual e Federal...
Voltaremos ao tema, com mais óticas sobre o tema, a exemplo dos atores que podem contribuir: Deputado Fernando Rodolfo, ALEPE, AD-DIPER, Governos Municipal, Estadual e Federal...