quarta-feira, 10 de março de 2021

Em discurso, Lula fala em mentira jurídica, critica Bolsonaro e defende a vacinação



Com direitos políticos restabelecidos após a anulação de suas condenações, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um pronunciamento de quase duas horas em São Bernardo do Campo, seu berço político, em que tratou da Lava-Jato, da pandemia de coronavírus, do governo de Jair Bolsonaro e das eleições de 2022. Acompanhado de aliados, Lula disse ter sido vítima da “maior mentira jurídica” da História do país.

O ex-presidente criticou procuradores e o ex-juiz Sergio Moro, mas afirmou não guardar mágoas: “A Lava-Jato desapareceu da minha vida”, disse. Fez críticas a Bolsonaro, sua política armamentista e sua gestão da crise sanitária e da economia: “Esse país está totalmente desordenado e desagregado porque não tem governo”. E defendeu a vacinação e as medidas para frear o contágio: “Mesmo tomando vacina, precisa continuar fazendo o isolamento e usando máscara”. Leia resumo das principais declarações.

Apesar de afirmar que não é o momento de discutir a corrida eleitoral, o ex-presidente fez acenos políticos. Disse estar convencido da possibilidade de construir alianças e afirmou querer conversar com empresários. Ele também cobrou respeito de Ciro Gomes (PDT) e rebateu declaração de Luciano Huck.

Outro olhar: Lula deu pistas de como deve se comportar caso venha a disputar novamente a Presidência. Veja os recados do petista em cinco tópicos.

Repercussão: o tom conciliatório de Lula preocupou aliados de Bolsonaro. Eles avaliam que o presidente cresce no radicalismo e, se continuar assim, o petista pode dar trabalho em 2022, conta Bela Megale.

Análise: Lula apostou no contraste para Bolsonaro, com uma fala pró-civilização, e discursou como um candidato, embora não tenha admitido, diz Pedro Doria. “Assim, tentará repetir feito que apenas outros dois brasileiros concretizaram, Rodrigues Alves e Getúlio Vargas”, afirma.

Francisco Leali avalia que o pronunciamento indica uma disputa em 2022 mais difícil do que Bolsonaro poderia pensar: “O tom do petista mostra ao presidente por que se deve temer o que deseja”.

Maiá Menezes observa uma ausência importante na fala de Lula: a ex-presidente Dilma Rousseff, mencionada sem grande destaque. “Dilma não faz parte de uma paisagem que o petista procurou rearrumar olhando pelo espelho retrovisor”, diz.


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