A CPI da Covid retoma os trabalhos hoje, no Senado, com o depoimento do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo.
Ele terá de responder sobre a defesa da ineficaz cloroquina, erros do governo durante a pandemia —como possível negligência em relação à compra de vacinas— e o diálogo conflituoso com a China, maior parceiro comercial do país.
Outro ponto de constrangimento vai ser a viagem de uma comitiva para Israel em busca de um spray nasal contra a covid.
A visita foi estimada em ao menos R$ 400 mil, como revelou o UOL, e não resultou em nenhum acordo.
Os parlamentares buscam reunir evidências de que caberia atribuição de culpa ao presidente, por ação ou omissão, pelo agravamento da crise sanitária no país.
Já os governistas reclamam de que a comissão virou um palanque político e vem atuando no sentido de "construir uma narrativa" para prejudicar Bolsonaro.
O problema para Ernesto é que ele não conta com a simpatia de nenhum dos lados e deve ser alvejado por todos.
A atuação dele à frente do Itamaraty, entre janeiro de 2019 e março deste ano, fez com que o próprio Congresso se mobilizasse para exigir a sua demissão. Pouco antes de deixar o cargo, ele entrou em rota de colisão com o Senado. Em seu lugar, foi nomeado o embaixador Carlos França.
O depoimento de Araújo nesta terça é apenas o começo. A presença mais esperada e que causa maior apreensão no Planalto é a do general Pazuello, prevista para quarta.
Na semana passada, Pazuello conseguiu no STF (Supremo Tribunal Federal) o direito de permanecer em silêncio, isto é, de não responder a perguntas que possam, de alguma forma, incriminá-lo. O ex-ministro está proibido, porém, de mentir sobre todos os demais questionamentos.
UOL