O grupo do empresário Francisco Emerson Maximiano, responsável por negociar a Covaxin com o Ministério da Saúde, planejava vender ao mercado privado apólices de seguro, com direito a duas doses de vacina, ao custo de R$ 1.900 cada uma. A reportagem é de Hanrrikson de Andrade.
Sem aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o produto chegou a ser lançado em 11 de novembro do ano passado — período em que o governo federal dava celeridade às tratativas para adquirir a Covaxin da Precisa Medicamentos, intermediária na compra de 20 milhões de doses produzidas pelo laboratório indiano Bharat Biotech.
O contrato entre União, Precisa e Bharat Biotech foi celebrado em 25 de fevereiro deste ano, ao custo empenhado (reservado para pagamento, porém não executado) de R$ 1,6 bilhão. A transação é objeto de investigação na CPI da Covid e no MPF (Ministério Público Federal). Há suspeitas de várias irregularidades, como superfaturamento, corrupção e tráfico de influência.
A Precisa pertence a Maximiano, mesmo dono da BSF Saúde, importadora que concebeu as apólices junto à seguradora italiana Generali. Depois de um curto período em atividade, o produto foi interrompido ainda no fim de 2020. O motivo: uma notificação do Procon de São Paulo.
Os fiscais do Procon consideraram, na ocasião, que se tratava de uma venda casada de um produto que ainda não existia e, mesmo que estivesse à disposição, não tinha aval da Anvisa. De acordo com a Generali, nenhuma apólice foi vendida.