sábado, 26 de março de 2011

Onde está o forró?


Verificando as diversas programações das festas das cidades de Pernambuco por esses dias, deparei-me com a ausência completa do nosso forró. Toritama, Arcoverde, Capoeiras, Garanhuns, Gravatá, Recife e até Caruaru. As bandas de forró, o sertanejo, o axé e o pagode tomaram conta até das vaquejadas, antigo reduto dos forrozeiros tradicionais. Agora a moçada só quer farra, cachaça e raparigagem.

Em todas, vejam bem, todas, com raríssimas exceções, deletaram, excluíram, defenestraram o nosso forró. Não se vêem mais nomes como Flávio José, Santanna, Jorge de Altinho, Alcymar Monteiro, etc. E olha que estou falando dos mais famosos e que todo mundo gosta.

São investimentos econômicos e culturais, mas que nem sempre têm essa relação. Mas é preciso separar o joio do trigo, principalmente quando o dinheiro sai de cofres que deveriam ser investidos em empreendimentos culturais. Se a festa é particular, então os realizadores podem chamar quem quiser, pois visam o lucro. E esse é o objetivo que difere do evento de cunho público. Não há lucro, portanto deve haver um objetivo altruísta, que amplie horizontes.

É por isso que continuo achando que não se deve gastar dinheiro público em festa com banda de mau gosto. Pois, já que o dinheiro é meu e seu, deve ser investido para mostrar à população que existem outras opções de qualidade, e que são populares, ou alguém acha que Flávio José não lota uma praça?

É claro que a maioria da população vai pelo gosto imposto pela mídia, e os shows viraram um grande comércio. A receita do sucesso: A banda paga pra tocar, no rádio e nas festas (vendendo as apresentações quase de graça, até ganhar nome), distribui gratuitamente CD, coloca um monte de mulher semi-nua, músicas que apelam pra bebida e sexo fácil, e pronto! Daí aparecem os contratos, pois os muitos agentes rodam todas as prefeituras buscando as festas. Como é um comércio, negocia-se tudo.

Precisamos, em nome da cultura e da boa música, criar mecanismos que defendam nossos artistas, e um bom início seria mudar as programações das festas públicas. Pois, estamos jogando no lixo a nossa história cultural, e alijando do nosso próprio palco o que temos de melhor: O nosso forró e as demais manifestações artísticas.

Companheiros de rádio: Toquem nosso forró durante o dia também, não existem leis que digam que forró só pode tocar no amanhecer do dia ou o pôr-do-sol, precisamos resgatar o forró nas programações diárias. Todo mundo gosta do forró de verdade, e atualmente ele está escanteado para programas específicos. Misturem o forró com as outras músicas que tocam o dia todo no rádio.

RÁDIO MÚSICA BRASIL MPB

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