A ordem do capitão *
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Havia descumprido a ordem do capitão e retornado ao campo de batalha. Ouvia ainda seus brados me insultando e proibindo-me de retornar. Estava eu, sozinho, quase desarmado, exausto, com medo, escutando tiros e gritos e aproximando-me deles. Pisava na fétida argila de sangue, lágrimas, perdões não anunciados e gritos desalmados. Escutava a ladainha voz do comandante - Não posso perder mais homens, estamos perdendo a guerra e você fala em retornar, seu imbecil, idiota. Não posso arriscar a vida de mais um homem em busca de um soldado morto.
Mas havia um propósito em minha loucura e não me deixava desviar das ruínas das árvores do campo bélico, minha consciência me guiava os passos e a certeza era que devia fazer algo que fosse além das minhas forças e do que eu poderia entender como certo ou errado.
Encontrei-o muito ferido, fria imagem daquele que durante muito tempo pude chamar de amigo. Seu semblante evocara a morte que se aproximava, mas guardou ainda um aceno, agradecendo-me. Retornei pelo mesmo caminho com aquele homem desfalecido nos ombros. Chorava, rezava e me deixava ser um louco, ora gritava, ora fazia do silêncio também o meu sepulcro.
Em chegando, percebi o olhar irrequieto do capitão que me acompanhou e me logrou um dicionário de insultos e ameaças, perante um atordoado batalhão que tudo que sonhava era sair daquele local ou ser acordado do pesadelo mórbido em que a insana política dos homens o colocou.
- Louco, imbecil, como coloca em risco sua própria vida? Além deste e dos outros que perderam a vida e que ficaram, eu poderia ter perdido mais um soldado, você acha que valeu a pena?
- Acredito que sim, capitão, pois quando lá cheguei, ele ainda estava vivo e o ouvi dizer - Eu sabia que você viria. (Ronaldo Cesar)
Havia descumprido a ordem do capitão e retornado ao campo de batalha. Ouvia ainda seus brados me insultando e proibindo-me de retornar. Estava eu, sozinho, quase desarmado, exausto, com medo, escutando tiros e gritos e aproximando-me deles. Pisava na fétida argila de sangue, lágrimas, perdões não anunciados e gritos desalmados. Escutava a ladainha voz do comandante - Não posso perder mais homens, estamos perdendo a guerra e você fala em retornar, seu imbecil, idiota. Não posso arriscar a vida de mais um homem em busca de um soldado morto.
Mas havia um propósito em minha loucura e não me deixava desviar das ruínas das árvores do campo bélico, minha consciência me guiava os passos e a certeza era que devia fazer algo que fosse além das minhas forças e do que eu poderia entender como certo ou errado.
Encontrei-o muito ferido, fria imagem daquele que durante muito tempo pude chamar de amigo. Seu semblante evocara a morte que se aproximava, mas guardou ainda um aceno, agradecendo-me. Retornei pelo mesmo caminho com aquele homem desfalecido nos ombros. Chorava, rezava e me deixava ser um louco, ora gritava, ora fazia do silêncio também o meu sepulcro.
Em chegando, percebi o olhar irrequieto do capitão que me acompanhou e me logrou um dicionário de insultos e ameaças, perante um atordoado batalhão que tudo que sonhava era sair daquele local ou ser acordado do pesadelo mórbido em que a insana política dos homens o colocou.
- Louco, imbecil, como coloca em risco sua própria vida? Além deste e dos outros que perderam a vida e que ficaram, eu poderia ter perdido mais um soldado, você acha que valeu a pena?
- Acredito que sim, capitão, pois quando lá cheguei, ele ainda estava vivo e o ouvi dizer - Eu sabia que você viria. (Ronaldo Cesar)
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* Folheando uma revista, li uma pequena estória de um soldado que volta ao campo de batalha para buscar o amigo ferido, como não estava assinado tomei a liberdade de reescrever, adaptando-a e colocando detalhes e dramaticidade. A moral, contudo, continua a mesma.
* Folheando uma revista, li uma pequena estória de um soldado que volta ao campo de batalha para buscar o amigo ferido, como não estava assinado tomei a liberdade de reescrever, adaptando-a e colocando detalhes e dramaticidade. A moral, contudo, continua a mesma.
