quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Jornalista Muriê Moraes escreve sobre o Jazz e o CARNAJAZZ


Recebi no e-mail por intermédio do Giovani Papaléo, produtor do Garanhuns Jazz Festival, um interessante relato do jornalista da capital Muriê Moraes sobre o evento principal, e sobre o final de noite, quando curtiu a Bodega de Massilon e principalmente o evento por nós realizado, o CarnaJazz no Bar Escritório, onde pôde descobrir bandas, músicos e principalmente reverenciar os grandes nomes do GJF que sempre davam suas canjas em nosso palco. Claro que ficamos muito felizes de ver nosso esforço recompensado no reconhecimento e em termos marcado tantas histórias ao mesmo tempo.

Aliás, conversando com o Papaléo, perguntei-lhe como havia terminado a celeuma que acabou por gerar algumas notas negativas no último dia do evento. O produtor nos afirmou que não recebeu nenhuma nota da prefeitura em que tenha sido criticado por suas declarações e que suas relações com a prefeitura e o prefeito são ótimas, por sinal, já está preparando junto aos representantes municipais a formatação do Garanhuns Jazz Festival. E que está empenhado em, se possível, trazer para Garnahuns mais eventos. Papaléo disse ainda que todos ficaram muito satisfeitos com o resultado do GJF, que gerou várias notícias positivas para a cidade e para o evento, e que até mesmo cidades que têm tradição no carnaval não conseguiram a mídia espontânea que vários jornais e TV´s ofereceram na cobertura do Jazz. A visitação turística correspondeu à expectativa e a ocupação hoteleira mostra que a cidade recebeu muita gente que gosta de manifestações culturais deste porte. Inclusive fez questão de apontar o trabalho da secretaria de turismo e da prefeitura no sucesso do evento. Portanto, nenhum incidente macula a grandeza que foi o Garanhuns Jazz Festival. E como produtor e realizador, no caso Papaléo e Prefeitura de Garanhuns não vêem nenhum obstáculo à realização do evento no próximo ano, supomos que teremos essa festa de música em nossa cidade definitivamente, principalmente se nossa sociedade economicamente ativa for partícipe em sua concepção. Precisamos aprender a ganhar com o GJF e para isso precisamos investir.

Chega de conversa e vamos ao texto do Muriê!
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Se o Carnaval é a festa da descontração e da loucura, como alguém pode querer se divertir estando, digamos, "exilado". Então como não pude curtir como queria, a saída mais plausível, viável e de bom gosto foi optar pelo Festival de Jazz de Garanhuns. Estivemos lá com Gaudêncio Vilela, Herbert Leal e Ragnar Leal nos deliciando com música de qualidade. Garanhuns continua linda, mas o friozinho, ainda, não é aquele de julho e agosto. No sábado conferimos o vozeirão de Karl Dixon(dos EUA)e Léo Gandelman(RJ). Este ano os organizadores montaram dois ambientes abertos, ao ar livre, na Praça Guadalajara, decorados com antúlios e flores naturais de encher os olhos. Vários restaurantes instalaram "sucursais" em volta das mesas e o menu estava ótimo. Tábuas de frios, chocolate e vinho de qualidade fizeram toda a diferença. Gostei muito da perfomance de Karl Dixon: ele cantou clássicos como "What a Wonderful World"(famosa na voz de Louis Armstrong)e "Georgia on My Mind"(de Ray Charles) e mostrou boa desenvoltura no palco. Mas quem roubou a cena foi a Blues Mascavo, de Maceió, que botou para ferver e agitou os roqueiros que não sabem que o rock não é filho bastardo do blues. Formada por Wagner Sampaio(guitarra e voz), Peter Beresford(guitarra e voz), Alessandro Aru(baixo) e Adriano Lima(bateria) - a banda incendiou a Praça Guadalajara. A Blues Mascavo é tão boa que Gaudêncio Vilela quer trazê-la de todo jeito para Arcoverde. Na verdade, a banda é tão espetacular que é melhor nem elogiar - só ouvindo mesmo. Depois de tudo, eles foram dar uma canja no Bar do Massilon(point dos descolados de Garanhuns). Fomos todos para lá e encontramos "Os Valvulados" fazendo um som excelente cantando "Jorge Maravilha"("você não gosta de mim, mas sua filha gosta"), conhecida na voz de Jorge Ben Jor, mas que na verdade é autoria de Leonel Paiva e Juninho de Adelaide(este último pseudônimo de Chico Buarque nos tempos da Ditadura). Pena que o espaço de Massilon é pequeno. De lá fomos para o Escritório, que na verdade é um restaurante(perto do Parque Euclides Dourado), já todo decorado para a Copa do Mundo. Quando pensei que já tinha visto tudo me deparo com os caras da The Bluz(de Caruaru). E não é que a terra de Vitalino tem vida intelingente. A Bluz é supercompetente e inspiradora. Formada por Jonathan Richard(guitarra e voz), Rogaciano Paz(baixo), Thássio(bateria) e Paulo Jr. - eles não deixaram a peteca cair. Gaudêncio foi logo reverenciado pelo band-leader e o cansaço da noite, simplesmente, sumiu. Perdí a conta de quantos clássicos do blues a Bluz tocou. À essa altura, abdiquei o uísque e peguei uma água com gás. Antes de irmos embora, apareceu por lá Tico Santa Cruz (do Detonautas) e o "papa" do blues tupiniquim Celso Blues Boy. Aí o bicho pegou mesmo - com todos no palco desfiando músicas e mais músicas para deleite dos nossos ouvidos. De uma coisa eu sei: preciso urgentemente dos discos da Blues Mascavo e da The Bluz. Foi uma noite maravilhosa, dessa que a gente não esquece. Até porque música boa não tem nacionalidade. Como diz meu amigo Farias, se a música fala ao coração e ao espírito - então ela já valeu a pena, sendo ianque ou sertaneja de raiz. Por fim, vamos, de novo, pedir "piedade para essa gente careta e covarde" que não sabe o valor de uma flor de plástico. Afinal, elas não morrem jamais......

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