domingo, 17 de janeiro de 2016

Os velhos quintais e as fruteiras que não existem mais


Cortaram as árvores, encimentaram os quintais. As frutas hoje estão nas feiras e nos supermercados, mas há alguns anos em todos os quintais haviam árvores que enchiam nossos lanches de siringuelas, carambolas, abacates, pitombas, goiabas, etc.

Ninguém come mais o abacate machucadinho com açúcar ou o maracujá cortado ao meio com açúcar em cima? Ou ainda a raspa do côco, ainda na quenga, com farinha e açúcar?

Os doces não são mais caseiros. Doces de jaca, côco, mamão, goiaba, banana, caju, etc. Algumas delas dão vários tipos. Ah! Fazia-se muitas cocadas também.

Meus avós moraram em uma casa na Rua do Cajueiro (Severiano Peixoto) que era quase um sítio, a gente brincava no quintal enorme que tinha quase todos os tipos de árvores frutíferas, até cajueiro e laranjeiras. Uma parreira nos dava uvas roxas quase todo o ano. Era incrível. Pra completar, vizinho tinha uma fábrica de pipocas que quando a gente ouvia o estouro podia ir pegar (de graça), e na rua bem próxima, Seu Moraes tinha uma vendinha onde a gente comprava vinho doce, minha vó tinha preferência pelo ITA, mas tinha também o Indiano.

Tinha sempre salada de frutas ou algum doce na geladeira.

Na Vila do Quartel muitas casas tinham árvores nos quintais. Lembro de uma vizinha que tinha um pé de cereja, pelo menos era assim que a gente chamava, mas não tinha aparência com essas que se vende nos supermercados. Ah! A gente degustava até as castanholas e aquela flor que se chupa pelo talinho bem docinho também, o Ginásio do Arraial tinha muitas.

Caju, manga (espada), jaca, banana, siringuela, goiaba, mamão, melancia, sempre se tinha em casa. Banana se comprava o cacho e laranja, era comum se comprar o saco.

Ninguém descasca mais uma laranja? Os sucos já vendem prontos em caixinhas. As polpas vêm próprias para bater no liquidificador. Daqui a uns anos algúem vai perguntar como são as frutas?

Encimentaram os quintais. Ninguém tem mais tempo nem paciência pra tá varrendo, pelo menos esse é o principal argumento. Quem faz isso não sabe a falta que a terra faz debaixo dos pés, e não lembra como é gostoso subir em uma árvore, brincando ou para tirar aquela fruta apetitosa. Também não sabe como é bom armar uma rede, não na garagem, mas na sombra de uma copa.

O supermercado pode nos dar as melhores frutas já selecionadas, mas não nos vendem as boas recordações.

É claro que ainda existe tudo isso, mas em menor proporção, e tão em menor, que relativamente ao passado que vivemos, é muito pouco.

Jogávamos bola na rua, por trás da igrejinha. Os campinhos estão desaparecendo. Mas isso é outro assunto pra depois.

Alguém aí tem uma boa receita para pitomba e jambo?????
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obs. publicado originalmente em 23 de abril de 2011.

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