Uma paciente ouve do médico que ela tem apenas poucos meses de vida, e que dali pra frente pouco pode ser feito. O sentido passa a ser qualidade de vida para sua contagem regressiva.
A TV, rádio e jornais, e também a internet, com o auxílio precioso de blogs, noticiam que pesquisadores na USP (São Paulo) descobriram uma substância que pode curar o câncer, e que por ainda não ter todos os estudos comprovados, e não se tratar ainda de uma droga autorizada, os pacientes só podem conseguir o medicamento se entrarem na justiça.
É lógico que o mundo científico, na defesa dos corretos procedimentos, aguardam mais análises sobre a droga, e o governo não poderá autorizar a fabricação pelos laboratórios sem a comprovada eficácia clínica sobre a patologia. Como o Câncer tem mais de uma centena de tipos, existe uma dúvida generalizada dos especialistas.
Mas aí vem a mídia nacional, como fez o Jornal do Commercio do Recife, na semana passada, e repercute casos como o da dona de casa que conseguiu na justiça o acesso ao medicamento, e que segundo seu marido, depois disso houve uma melhoria impressionante. Deixou a cama, voltou a passear com os filhos e a sorrir.
Um vídeo viral, principalmente no whatsapp, mostra uma reportagem da Rede Globo, comentada, e mostra como fazer para conseguir a substância produzida na USP, pois o processo de licenciamento pode durar anos.
O que você faria?
De forma resumida, esta é a questão de momento sobre a FOSFOETANOLAMINA.
Uma equipe de cientistas do Instituto de Química de São Carlos (IQSC), coordenados pelo professor Gilberto Orivaldo Chierice, desenvolveu uma substância, chamada fosfoetanolamina sintética, que pode ser uma alternativa terapêutica para diversos tipos de Câncer. Os estudos transcorreram por mais de 20 anos os estudos.
A fosfoetanolamina sintética imita uma substância presente no organismo, que sinaliza as células cancerosas para a remoção pelo sistema imunológico. Ao detectar a célula cancerosa, o próprio sistema imunológico se obriga em eliminá-la.
NA JUSTIÇA - (PORTAL UOL)
Após uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), o Tribunal de Justiça de São Paulo derrubou a suspensão da distribuição das cápsulas do IQSC (Instituto de Química de São Carlos) para quem conseguisse liminar na Justiça, o que obrigou a USP a voltar a produzir e distribuir a fosfoetanolamina sintética. Com isso, mais de 700 liminares foram expedidas e o IQSC ficou sobrecarregado. A USP pede na Justiça a suspensão da entrega das cápsulas.
COMO AGE A FOSFOETANOLAMINA?
Segundo os pesquisadores, a fosfoetanolamina se aliaria a lipídios para entrar na célula e ativar a mitocôndria. Com isso, o sistema de defesa do organismo reconheceria a célula como "anormal" e a atacaria. Em pesquisas com camundongos com câncer renal os efeitos foram positivos.
Segundo os pesquisadores, a fosfoetanolamina se aliaria a lipídios para entrar na célula e ativar a mitocôndria. Com isso, o sistema de defesa do organismo reconheceria a célula como "anormal" e a atacaria. Em pesquisas com camundongos com câncer renal os efeitos foram positivos.
Oncologistas, a USP, o ICQS e os próprios pesquisadores alertam que a substância nunca foi testada em humanos, o que a inviabiliza como remédio. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), responsável por registrar e permitir o comércio de qualquer medicamento no país, diz que a distribuição da droga é ilegal por nunca ter passado por testes clínicos.
Colocada a questão, mesmo ética ou clínico-científica, percebe-se que as pessoas que buscam o medicamento não têm tempo para saber dos resultados finais para no futuro a substância ser distribuída legalmente, por grandes laboratórios ou pelo governo.
Se não foi provado tecnicamente em humanos que possam de fato curar o câncer, embora os testes em laboratório com animais tenham sido satisfatórios, também não se pode dizer que eles não sirvam para a finalidade, nem se tem notícias de efeitos colaterais. Médicos alertam para que o tratamento para o Câncer, indicado pelos especialistas, não seja interrompido, caso se tenha acesso à substância.
Se não tivesse a repercussão positiva de quem está fazendo uso, mesmo como experiência já valeria a pena, pois se trata de uma doença cruel, e que o mundo ainda não aprendeu como lidar.
Como dissemos, os pacientes não têm tempo, e é bom saber que existe uma esperança. E próxima, ao alcance da população.
MINISTÉRIO DA SAÚDE CRIA GRUPO DE TRABALHO
O Ministério da Saúde (MS) criou, nesta sexta-feira (30/10/2015), um grupo de trabalho para apoiar os estudos clínicos e a produção da fosfoetanolamina, que ficou conhecida popularmente como a pílula do câncer. O ministério passará a apoiar as etapas para o desenvolvimento clínico do medicamento.
“Estamos colocando à disposição do professor responsável pela síntese dessa molécula a possibilidade de submeter à fosfoetanolamina a todos os protocolos para verificar se a substância é ou não eficaz e por fim a essa celeuma. Por isso, a recomendação do Ministério da Saúde é que as pessoas não façam uso dessa substância até que os estudos sejam concluídos”, orienta o ministro da Saúde, Marcelo Costa e Castro.
O grupo contará com o apoio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para orientar os pesquisadores na elaboração dos protocolos clínicos e documentações necessárias e deverá contar com o apoio do Instituto Nacional do Câncer (Inca) para a realização de estudos clínicos e também da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Para isso, será elaborado um plano de trabalho que prevê desde a caracterização da molécula, passando pelo desenvolvimento da formulação, produção de lotes de medicamentos experimentais seguindo as Boas Práticas de Fabricação (BPF) da Anvisa e realização de estudos pré-clínicos, ensaios clínicos e estudos de farmacovigilância.
“A grande preocupação do Ministério da Saúde é que as pessoas deixem de realizar o tratamento adequado e que tem sua eficácia comprovado e passem a usar um medicamento que não tem cientificamente uma comprovação de benefícios e efetividade comprovada”, alerta Marcelo Costa e Castro.
De acordo com a portaria, o grupo de trabalho será composto por representantes do MS e da Anvisa. A coordenação da iniciativa será de responsabilidade de um representante da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde.
A previsão é de que o grupo tenha um prazo máximo de 60 dias para apresentar o plano de trabalho das fases de desenvolvimento do projeto. Os nomes dos integrantes do grupo devem ser indicados nos próximos dias.
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