Caro Ronaldo,
Li atentamente sua matéria e, de repente, um vídeo passou pela minha mente. Sei exatamente como você deve estar se sentindo, pois, foi assim que me senti quando tive a oportunidade de conhecer Gramado.
Durante o período em que estive à frente da Secretaria de Turismo de Garanhuns, sempre que podia, viajava. E minhas viagens tinham dupla finalidade: lazer e conhecimento. Em todos os lugares que visitei aprendi um pouco e a intenção foi sempre aplicar em Garanhuns o que ali aprendia. Infelizmente, voltando a Garanhuns, acontecia o fatal choque de realidade.
Cidades turísticas como Gramado, Canela e Campos do Jordão - só para citar algumas das mais procuradas - têm na atividade turística a base de sustentação de suas economias. Mas, não sei se você percebeu, o governo é apenas parceiro dessa atividade. Tudo parte da iniciativa privada. Lembro que chegando a Campos do Jordão, no pórtico de acesso recebi todo o material informativo da cidade e tive a curiosidade de perguntar se a prefeitura patrocinava aquilo tudo. Obtive a seguinte resposta: "se a prefeitura quiser que nos acompanhe. Não podemos ficar esperando pelo poder público. Somos empresários". Como você pode ver, tudo é uma questão de mentalidade.
Com isso, não estou querendo eximir o poder público da sua responsabilidade, muito pelo contrário, mas, chamo a atenção para o fato de que, sem a participação de todos, nada acontece.
Esse é o grande problema de nossa terra. Fala-se muito e age-se pouco. Infelizmente o que prevalece é a "Lei de Gerson".
Durante muito tempo alimentei o sonho e lutei para ver nossa cidade transformada em cidade, realmente, turística. Digo, sem falsa modéstia que talvez, ninguém mais do que eu, tenha alimentado esse sonho. Quem me conhece e acompanhou o meu trabalho sabe disso. Porém, existe uma distância muito grande entre sonhar e realizar sonhos.
Quiçá eu tenha a ventura de ver esse sonho realizado um dia.
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Marcílio Reinaux Maia é professor universitário e ex-secretário de Turismo de Garanhuns.