A Rede Globo Nordeste elegeu, no início do ano, através do voto popular, o pernambucano do século. Dez nomes foram previamente selecionados entre as personalidades que enriqueceram nossa cultura e honraram nossa bandeira exportando as cores, os sons e a sabedoria de nosso povo. Grandes mestres em suas áreas que mostraram ao mundo o nosso jeito e trouxeram os olhos internacionais para o Leão do Norte.
Austregésilo de Athaíde, Barbosa Lima Sobrinho, Capiba, Francisco Brennand, Gilberto Freyre, João Cabral de Melo Neto, Josué de Castro, Luiz Gonzaga, Manuel Bandeira e Paulo Freire foram os nomes que disputaram a honraria.
O objetivo que ouso buscar não é discutir quem foi melhor do que outro, pois toda escolha deste tipo provoca sempre injustiças, a começar por tantos outros nomes que poderiam perfeitamente constar desta relação. Cada pernambucano que se faça consciente com a história e a cultura de seus conterrâneos encontrará essas personalidades "esquecidas". É claro que seria necessária uma pré-qualificação, então o fato de lembrarmos de pessoas que fizeram por onde merecer o destaque, enriquece ainda mais o potencial cultural do nosso estado.
Acende-se o espírito, não sei se ufanista, regionalista ou de caráter explicitamente barrista, mas natural. Este orgulho de pertencer a esta raça que vence as adversidades para construir uma das mais bonitas histórias de um povo que se tem notícia. Um povo que escreve com suor e arte a sua passagem por este chão seco e que permite plantar tão somente, grãos que suportem fogo e palavras que juntas mostram o lamento ou poesia, ou ambas.
Nas rugas dos tantos nomes, a simpatia de nosso povo transcende a miscigenação se orgulhando dos seus antecessores. Gilberto estudou esta história, Luiz cantou este mundo, Bandeira inventou nossa poesia e Freire ensinou a ensinar. São tantas histórias dentro da nossa história que não podemos eleger, devemos aplaudir e dizer: Esse cabra é meu conterrâneo.
É este orgulho que devemos sentir, puro e sem amarras. Desfrutar da honra de pertencer a esta estirpe. Devemos também nos preocupar em mostrar aos que virão e aos que ainda não têm a consciência dessa riqueza, a grandiosidade da nossa arte. Um orgulho sereno que possa fazer Pernambuco falar para o mundo os seus valores e que por sorte ou quem sabe um dia pela descoberta de que só a cultura desenvolve um povo, possamos transgredir o tempo e nossos próprios limites para resgatar, sempre, a grande chama da sabedoria popular dos nossos grandes conterrâneos.
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AGORA COMIGO: Gente, este texto tem dez anos. Escrevi para a Bluenet, quando era colunista. Foram três ou quatro anos de bons textos. Pra ler mais daquela época, é só acessar a página do site.
No site de colunistas da Bluenet vocês encontrarão também mestres da escrita como Jesus Campelo, Luzinete Laporte, Roberto Almeida, Ricardo Alecrim e Paulo Gervais.