Em pouco mais de um ano no Flamengo, um dos clubes que mais devem no país, Ronaldinho, que há muito tempo deixou de ser um atleta profissional para viver de farras e de exposição na mídia, tá levando uma bolada de mais de R$ 40 milhões. Fruto de um contrato mal feito com um clube desorganizado, que deu brechas para o rompimento unilateral e o pagamento de multas, direito de imagem, etc, etc, etc.
Quem viu o contrato diz que não tem como o Flamengo se safar. Para tentar mudar o foco, a diretoria saiu atacando o Palmeiras. Balela, o dentuço fechou com o Atlético Mineiro. Aposta de alto risco, vejam a forma como Ronaldinho saiu dos últimos clubes pelos quais atuou. Ninguém quer mais.
O bom atleta é aquele que deixa as portas escancaradas para um possível retorno.
Como o Flamengo vai pagar? Não será fácil, mas acaba pagando com recolhimento de rendas de jogos ou com os passes das suas jovens revelações.
Mas no final quem paga mesmo é o brasileiro comum, que talvez nem goste de futebol. As empresas públicas nacionais cada vez mais estão investindo no esporte, e principalmente nos clubes do eixo Rio-São Paulo. Podem olhar as camisas, EletroBrás, Petrobras, etc. O Flamengo teve por décadas a multinacional brasileira do petróleo, e mesmo assim acumulou uma dívida impagável.
Achando pouco, o governo criou um jogo, onde os torcedores fazem suas apostas e os valores arrecadados servem para abater as dívidas estratosféricas. Ou seja, os clubes não fazem nada, e quem paga é o torcedor. Ainda bem que a loteria não deu certo.
Enquanto isso, o futebol periférico está à míngua. Grandes clubes do passado, sem as receitas oriundas dos cofres públicos ou sem o rateio do Clube dos Treze, estão sofrendo em várias regiões do país.
Inteligente é o Programa Todos com a Nota em Pernambuco. Ele troca o ingresso por nota fiscal, ou seja, aumenta o público nos estádios, aumentando a receita do estado. Ou seja, todo mundo ganha. E o clube garante, mesmo que por um preço menor, uma quantidade mínima de torcedores em seus jogos. Não se trata, portanto, de um dinheiro jogado no ralo, ele volta na forma de arrecadação.
Futebol tem sido cada vez mais uma fonte de comércio e marketing, onde o resultado dos jogos é o de menos, o importante mesmo é faturar, mesmo que a propaganda fique no suvaco, e o jogador tenha potencial de chamar a atenção. É o caso de Ronaldinho, um objeto de marketing pago pelo trabalhador brasileiro.