sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Fico arretado com preconceito de dondoca sudestina!

Leiam isto: "[Mensalão] é nordestino querer fazer alguma coisa em São Paulo. Eles têm de ficar lá, em Garanhuns, lá no fuuundo do Pernambuco"

ANNA MARIA CORSI
socialite paulista

AGORA COMIGO:
Este depoimento de uma cliente de lojas grãfinas de São Paulo, a uma jornalista sobre o mensalão, está repercutindo nas redes sociais, principalmente no Facebook. Ana Maria Corsi, 71 anos, quis dizer que o Mensalão era coisa de Nordestinos, de Lula, e olha que a colunista da Folha de São Paulo lembrou que tem vários paulistas no julgamento do STF. Ela nem nem.

É claro que os internautas da região estão sentindo as dores desta fala preconceituosa, pois prega quase um banimento do Nordestino na região que ela vive, o paraíso sudestino de shopping center. A reportagem foi publicada por um grande jornal de São Paulo e agora está tendo a devida repercussão negativa nas mídias sociais.

Anna Maria Corsi começa generalizando, e depois fala em nossa cidade. Garanhuns, de tantas virtudes, belezas naturais, gente hospitaleira e clima maravilhoso. Este oásis no Nordeste, embora fuja da ideia que o sudestino faça da nossa região, sente muito orgulho de estar localizado por aqui. Próximo do sertanejo, homem forte, trabalhador e suas mulheres maravilhosas, de uma cultura sensacional em qualquer área que possamos imaginar. Sertão de uma culinária rica em diversidade, de um povo heroico que exala tradição e cultura.

Mas estamos também próximo ao litoral, de riba a baixo, o mais bonito do Brasil. Azul maravilhoso, sol o ano todo e recortes de encontro de água e areia que mostram que o Divino estava inspirado quando criou estas paisagens.

Somos nordestinos, em verso e prosa. Tanta gente boa em todas as áreas, citados por todos, que ajudaram a formar a identidade nacional. Mas também de gente anônima que trabalha para que aquela cria da alienação social possa oferecer sua leiga opinião sobre política, desenvolvimento, mensalão, ou que quer que seja. Uma visão tão superficial quanto a nata do leite, mas este ainda tem sua serventia.

Não sabe ela que a loja onde gasta seu dinheiro, que não me interessa de onde vem, várias vezes fora autuada por sonegação fiscal.

Este é o perigo da ignorância e da deturpação preconceituosa da realidade.

Certamente esta visão vem formada pelos objetos da mídia que ela tem consumido, onde os valores regionais se perdem diante do objeto comum glamourizado, da concepção errada de se criar o universo perfeito que tenha uma etiqueta chique.

Sob o nosso olhar, estamos no lugar certo, trabalhando e ajudando o Brasil a crescer. Mas não somos melhores do que ninguém só porque somos Nordestinos abençoados por Deus, da terra de Luiz Gonzaga, Manuel Bandeira e Gilberto Freyre.

Bem, talvez melhor que a Corsi, somos sim. Mas não é uma questão de naturalidade. E ela, septuagenária, já poderia ter entendido isto, pois muito do aprendizado vem das experiências de vida.

E nem vou falar de Lula, para não politizar esta resposta, embora tenha dezenas de motivos para explicar o porquê do Nordestino agradecer seu governo, que buscou pagar um débito antigo e secular de abandono deste lado de cima do território nacional pelos governos que se passaram, em sua grande maioria sudestinos e sulistas, passando até pelos cafés com leite. Lembram dos livros de história?

A socialaite não entenderá que o Brasil é maravilhoso justamente por conta desta miscigenação, onde o gaúcho pode se estabelecer na Amazônia e o índio pode tomar um chopp apreciando a beleza da praia de Copacabana. E todos, repito, todos são iguais, não importando se estão de Yves Saint Laurent ou de sandálias Havaianas, até porque este é um produto tipo exportação que orgulha a indústria nacional.

Portanto, não é onde a pessoa nasceu, onde vive, onde estudou e qual seu trabalho que mostra quem de fato ela é, mas o que ela faz com tudo isso, como se relaciona, como participa do seu mundo e principalmente, como honra o que aprendeu, com quem aprendeu e como vai passar a adiante seus valores, verdadeiros valores, e não os comprados nos shopping centers.

É como no Direito, quando estudamos os principios, que são alicerces de tudo que se aprende no mundo jurídico.

É, portanto uma questão de formação, de educação e cultura, enfim de princípios!

E sendo nós, de Garanhuns, ao contrário de ofender a nobre socialaite, escrevo intencionalmente assim, além de reconhecer sua ignorância geográfica, quando imagina que estamos no fundo de Pernambuco, quando estamos na meiaaaaada, somos obrigados moralmente a responder, a mostrar o brio de nossa gente. Mas sem generalizar.

Querida Anna Maria Corsi,

Não te convidarei a vir conhecer nossa maravilhosa cidade, de Lula, Dominguinhos, Toinho do Quinteto Violado, Luís Jardim, Janete Costa, Luzinete Laporte, Monsenhor Adelmar, Jones Figueiredo, Andrea Amorim, e mais de 130 mil iguais a mim. Você não merece beber da nossa água!

Certamente seu mundo está rodeado de Nordestino. Seus artistas preferidos são nordestinos. E os nobres trabalhadores que querem fazer alguma coisa em São Paulo e por São Paulo, o mais humilde deles, está fazendo mais que você!

Somos de Garanhuns. Uma cidade com seus problemas, mas enaltecida sempre por aqueles que aqui estiveram como uma cidade especial, por tudo que já relatei.

E se a nobreza da reflexão fizer você reconhecer a besteira que disse, saiba que Garanhuns é acolhedora, e a cada ano milhares de turistas vêm apreciar a nossa companhia. Quiçá você possa reconsiderar a tolice criminal que falou e queira, de fato, deixar seu aquário glamouroso e conhecer um recanto do Brasil que mostra a grande riqueza cultural e geográfica do Nordeste.

O termo "arretado" que utilizei no título quer dizer - Com raiva, nervoso, alguma coisa neste sentido! É que preconceito é o que existe de mais estúpido e ignorante nas relações humanas! Seja de que tipo for! É pra deixar a gente injuriado mesmo!

Passar bem!
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PARA SABER MAIS
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Veja o final da reportagem.

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