O grande número de eleitores defensores de Zé da Luz na periferia da cidade, principalmente nos bairros mais populares mostram que os políticos estabelecidos na cidade negligenciaram no contato direto com o eleitor. O ex-prefeito de Caetés se aproximou do eleitorado, e além de estar pagando contas e dando isso e aquilo, gerou uma imagem do homem do povo que ajuda os pobres. Uma imagem assim transcende a política. Vira emoção em vez da razão.
Ao longo dos últimos anos, periodicamente, Zé da Luz fez suas incurções nos bairros, caminhando nas ruas, entrando em mercadinhos e bares, e ali fez contatos, que mesmo superficiais, sem saber o nome das pessoas, suas histórias, nem construir amizades, marcou como um político que se preocupa com a população porque está ali pertinho, e ao sair, voltando para o Recife, deixava a impressão nos eleitores de que é um político diferente, junto do povão.
Os políticos de Garanhuns, mesmo vivendo na cidade, deixaram a periferia, isto não quer dizer que seja certo ou errado, pois têm seus trabalhos, famílias, vida que segue, pois o que importa é que se ao elegerem (ou não) elaborem ações que melhore a qualidade de vida das pessoas, com mais acesso a saúde, segurança, educação, trabalho, etc. Mas para quem precisa de votos para conquistar cargos na vida pública, o distanciamento foi prejudicial. Tem que ter o contato, ouvir a população diuturnamente, mesmo sem mandato. Silvino deixou a prefeitura, fez o sucessor e depois, brigado com ele, afastou-se do debate político, não indo mais ao encontro cotidiano do dono do voto. Esperou que seus serviços prestados e bons projetos para o futuro rememorassem o quão bom foi seu governo e esperou que a população o quisesse de novo. Porém, ao dizer isso no rádio e na campanha eleitoral, o seu eleitor já tinha recebido, em casa, a visita de Zé da Luz, em algum momento nos últimos anos. Ele abraçou e conquistou mais que o voto.
É uma espécie de política majoritária que Garanhuns ainda não havia vivenciado.
Como os candidatos não têm o aspecto popular de Zé da Luz, a campanha acabou tomando um rumo que divide os esclarecidos, como estão sendo vistos os eleitores de Izaías, e o povão que acabou se convencendo com a estratégia do ex-prefeito de Caetés.
Porém os formadores de opinião parecem ter despertado para entrar no jogo. O novo momento na campanha se deu com a retirada da candidatura de Silvino Duarte, que acabou unindo os principais nomes que o acompanhavam, como Sivaldo Albino e Sílvio Sabino, entre muitos outros na campanha de Izaías.
E parece que está indo além, comerciantes, professores e outros segmentos da sociedade parecem começar a se integrar, a se mobilizar, entrando de fato na campanha de Izaías e, principalmente, pedindo votos nos seus campos de atuação. Tinha muita gente que apoiava mas não participava ativamente da campanha. É como se a sociedade estivesse despertando (utilizando uma expressão de Silvino no momento da sua renúncia).
Zé da Luz tem o voto mais popular e daqueles que pretendem aniquilar de uma só vez os políticos da cidade (a panelinha, expressão do guia do engenheiro) e Izaías tem os formadores de opinião, esclarecidos, gente que não quer a entrada em Garanhuns da forma de política e de adminsitração implementada em Caetés. Somam-se neste apoio a Izaías os gestores das principais instituições públicas e privadas da cidade, que têm influência junto ao eleitorado. É por aí.
Resta saber como a campanha vai se comportar daqui pra frente.
Paulo Camelo representa o contrário a tudo isto, e como o seu eleitor se divide entre os que vêm nele condições de ser prefeito da cidade e aqueles que querem demonstrar que não aprovam os candidados representantes da burguesia nesta eleição.