Constato, com enorme desencanto, a frustração dos amigos Calvino, Lucicláudio e a guerreira Selma com o “sinistro” acolhimento à campanha de panfletagem que promoveram nas ruas da cidade. Insisto na continuidade do movimento pela sua grandeza e, acostumado que sou com esse tipo de percalços, lembro que já me referia naquele primeiro texto que escrevi: “Iremos nos limitar à reuniões fechadas, com decisões que são esquecidas na hora em que terminam, sem que se dê qualquer conseqüência proveitosa aos reclamos?” Continuo teimosamente otimista, mas precisamos identificar as razões desse alheiamento e diagnosticar as providências no sentido de corrigir a baixa auto-estima da nossa população. Observa-se que não discutimos política, uma vez que isso não interessa ao poder dominante, por ameaçar a sua hegemonia. Difunde-se, para tanto, uma confusão dos conceitos de política com politicalha como se a primeira fosse daninha pela própria natureza e. com isso, busca-se arraigar a visão fascista de afastamento dos bons líderes para o exercício constante da cidadania. O resultado é a perda de foco das grandes questões para se resumirem à ridículas discussões sobre ocorrências absolutamente dispensáveis, que respondem pela geração da mentalidade mesquinha que toma corpo da cultura da nossa querida Garanhuns.
1. Compreendo o desencanto dos amigos em face da baixa colaboração na panfletagem e louvo a sua determinação de lutarem sem desfalecimento. Se as lideranças responsáveis de nossa terra querem realmente resolver a questão do funcionamento da FAMEG, a questão deve ser tratada com a seriedade que merece. Não bastam memoriais, abaixo-assinados, remetidos burocraticamente, nem recados e manifestações do tipo “já falei com Fulano, estive com Sicrano” para depois pretender a paternidade do efeito positivo que a comunidade obtiver. Muito menos reuniões concorridas, com discursos exaltados e “decisões que são esquecidas na hora em que terminam” quando se encerram as reuniões. Adianto, como colaboração, o que entendo como necessário:
1º) As lideranças municipais do PT têm a obrigação de conseguir uma audiência com os Ministros da Saúde e da Educação, responsáveis pela inexplicável omissão no atendimento à reivindicação da comunidade garanhuense;
2º) Essas audiências devem contar com a presença e/ou representação de todas as entidades representativas do Município e da Região, tais como: Prefeitos, Vereadores, CDL’s, Associações Comerciais, Sindicatos, Igrejas, Faculdades, Comunidades Sociais e Estudantís, Quilombolas, Tribus Indígenas, Rotarys, Lyons, Maçonarias, etc.;
3º) Essas entidades devem fazer um esforço no sentido de não ter pena e custearem uma passagem de ida e volta Recife-Brasília e uma diária de hotel na Capital para os seus representantes. Se querem as benesses, impõe-se a decisão de assumir os ônus necessários.
4º) Olho no olho, indagarem aos Ministros a razão de engavetarem a autorização para o funcionamento da FAMEG, se o Governo Federal, através da Presidenta Dilma, já explicitou a extrema carência e a importância da formação de novos médicos, a ponto de determinar – em regime de urgência – a importação de profissionais estrangeiros.
Vejam ainda, queridos amigos, alguns outros maus exemplos que estão marcando a nossa visão distorcida do processo político:
2. No primeiro mês de governo no nosso amigo Isaías, ao invés da abertura de um grande debate com a população e a convocação das lideranças técnicas e políticas (não esqueçam que Garanhuns registra nos seus campus universitários centenas de mestres e doutores de altíssimo nível técnico e tecnológico , que anseiam colaborar com a cidade que escolheram para viver, trabalhar e criar os seus filhos) já se discutia em todas as rodas, com repercussão em todos os blogues, a partilha do espólio eleitoral dos seus votos, oscilando entre duas figuras do maior respeito: sua filha, com todas as inconveniências do vezo de dinastia hereditária ou o gerente de sua loja, com todos os defeitos da subordinação criada. Vejam como se empobrece a cultura de uma cidade!
3. Discute-se o estacionamento duplo na Avenida Santo Antonio que só interessa aos afortunados usuários de veículos unitários, ao invés de atentar para a mobilidade urbana, hoje colocada como o grande problema
das cidades de porte médio. Há cerca de cinco anos uma força tarefa composta por técnicos das Secretarias Estaduais das Cidades e do Planejamento, a mando do Governador e convite do CDL, estudou e concluiu pela imperiosa necessidade de elaboração de um Plano Diretor de Mobilidade que determinaria, de saída, o ordenamento do trânsito local, o incremento ao transporte coletivo e à construção de um anel rodoviário que eliminaria de pronto a circulação na zona urbana dos veículos de carga e os automóveis em trânsito para outras cidades, sem contar que resolveria os problemas oriundos da condição de Garanhuns como entroncamento rodoviário. Suas sugestões não foram acolhidas pelo Prefeito de então e não se falou mais no assunto até quando foi anunciada a duplicação de BR-423 transitando pelo perímetro urbano, sob o comando do Secretário de Transportes Isaltino do PT. Ressalte-se que, juntamente com os companheiros do PT de Garanhuns, Eraldo, Chico do INPS, e Pedro Passos há cerca de 2 (dois) meses entregamos a Isaltino um documento sério reivindicando a inclusão no projeto de duplicação da estrada de um arco rodoviário de contorno para ultrapassar Garanhuns sem degradar a cidade. Sem reação das autoridades constituídas, ameaça-se a adoção em Garanhuns de um sistema rejeitado, atualmente, pela engenharia rodoviária do mundo inteiro. Consulte-se o CREA, Clubes de Engenharia e Arquitetura do mundo inteiro e verão a resposta. Infelizmente, tem gente que ainda acredita que vender bugigangas na beira da estrada é sinal de desenvolvimento e, com isso, preferem destruir a cidade e matar a população do seu entorno, sem pensar em novas fronteiras de desenvolvimento. Que visão estreita!
4. Impressionam e provocam a necessidade de criar-se um grande debate sobre as falhas e omissões do 23º Festival de Inverno de Garanhuns para que não se repitam no próximo ano. Basta dizer que sua programação só foi concluída e anunciada 15 (quinze) dias antes da abertura. Ao invés disso, formou-se uma grande discussão mesquinha e ridícula em torno da escolha dos apresentadores do Festival que, apesar de suas reconhecidas qualificações pessoais, não concorre em nada para a grandeza do festival, nem soluciona as deficiências apresentadas Que coisa pequena!.
Não sou dono da verdade, mas tenho o direito de encarecer a discussão das questões de nossa cidade, na busca das melhores soluções para os seus problemas. Aliás, todos temos esse direito...
IVAN RODRIGUES