O senador Humberto Costa (PT) defendeu, na última quinta-feira, em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado, a chegada de quatro mil médicos cubanos ao Brasil para atender regiões que enfrentam escassez ou ausência desses profissionais.
Durante o encontro – que discutiu “o Programa Mais Médicos sob a ótica dos direitos humanos” – Humberto considerou inaceitável o nível das críticas feitas por alguns setores ao acordo realizado pelos Ministérios da Saúde do Brasil e de Cuba com a Organização Panamericana de Saúde (OPAS) para a vinda dos médicos.
“O argumento mais rasteiro, a coisa mais terrível que eu tenho ouvido até agora é o discurso seguinte: ‘esses cubanos, comunistas...’ Isso é coisa de discurso de militar na época da ditadura, é de gente autoritária”, denunciou o senador, bastante aplaudido pela plateia. “Os profissionais de Cuba são bem formados. Cuba tem um dos melhores sistemas de saúde do mundo.” O Brasil tem uma média de 1,8 médico para cada mil habitantes. Em Cuba, a média é de 6 médicos para cada mil habitantes.
Ministro da Saúde entre 2003 e 2005, Humberto defendeu o Mais Médicos como uma ação de governo que, pela primeira vez na história, vai planejar a formação de profissionais no Brasil. Além disso, esclareceu que a aplicação do Revalida aos diplomas dos estrangeiros, como querem algumas entidades de classe médica brasileiras, seria incabível porque daria a esses profissionais o direito de trabalhar em qualquer cidade do país, e não necessariamente nas áreas especificadas pelo Governo Federal.
O encontro, que contou com a participação de parlamentares, representantes dos governos e da sociedade civil, durou três horas e deixou evidenciado o isolamento de setores corporativistas da classe médica. “Nós entendemos perfeitamente a mobilização que os médicos estão fazendo no Brasil. Estão no seu direito. Mas acima de tudo nós vamos ter que pesar o cidadão lá embaixo, a cidadã lá na ponta, que hoje não tem esse atendimento (médico)”, afirmou Humberto.