Jovem, imagem de gestor competente e político habilidoso, Eduardo Campos nasceu dentro da política mas consegue passar a sensação de algo novo, moderno, arrojado, que enfrenta o status quo. De fato trouxe um novo projeto de governar, com características que remetem ao mundo das empresas privadas, com objetivos, metas e cobranças, estatísticas que mostram avanços da ação governamental e detalhamento de onde o agente público precisa investir mais.
Eduardo Campos escuta a voz das ruas. Sabe a hora de expor e de se resguardar, por isto este avanço sistemático gradual. Um bom exemplo é Garanhuns que pediu a retirada do presídio e a resolução definitiva do problema da água. Fez isto já nos primeiros dias de seu governo. Falhamos em não ter competência nem representatividade para pedir mais e melhor. E as urnas foram gentis com o governador entre as Sete Colinas.
Na política, poucos políticos no Brasil tem esta habilidade de arregimentar, talvez somente Lula, que mesmo guardado em seu Instituto em São Paulo, consegue ainda ser interlocutor de vários segmentos políticos, sendo tratado como uma espécie de guru e com influência ainda para definir o destino do Brasil.
Lula também vê além do horizonte.
Mas Eduardo tem seus olhos de lince. Enquanto muitos políticos só enxergam o tablado a cada dois anos, num eterno jogo de dominó onde as pedras mexem a cada fim de partida, Eduardo vê longe. Sabe que tem tempo e argumento, e tudo parece estar desenhado desde sua candidatura a governador, como um plano arquitetado há dez anos. Ser ministro viabilizou a candidatura ao governo de Pernambuco, que trouxe Lula para seu palanque, que deu-lhe a vitória, que o promoveu e possibilitou fazer um grande governo, que o deu projeção e a visibilidade para se lançar candidato a Presidente da República.
O apoio incondicional ao governo petista agora parece ter sido mais pessoalmente a Lula que ao Partido dos Trabalhadores, e este será a sinalização daqui para frente.
Mas este discurso não morre em 2014, ele já está pronto definitivamente. É o novo mantra socialista, de que entre os aliados existem possibilidades, como o próprio Eduardo Campos e a ex-ministra Marina Lima.
Eduardo Campos não está fazendo política eleitoral sazonal, faz planejada e mesmo podendo surpreender em 2014, seus olhos já traçam roteiros muito mais além. A sorte também parece estar do seu lado, e isto, como no jogo qualquer, pode ser decisivo.
Vale também para o estado.