terça-feira, 22 de outubro de 2013

Erros e acertos no Festival da Jovem Guarda

Garanhuns realizou novamente o Festival da Jovem Guarda, um dos eventos do então deputado, na época, sob a coordenação da ACIAGAM e hoje prefeito Izaías Régis, que conseguiu patrocinadores e voltou a realizar pela prefeitura, na Esplanada Cultural Mestre Dominguinhos.

Mas o Festival da Jovem Guarda teve muitos erros e acertos que precisam ser elencados e avaliados. Uma visão mais crítica como elemento necessário à realização.

Um dos principais acertos foi voltar a realizar. É preciso que Garanhuns tenha eventos, que gire a economia turística. Mas a Festa da Jovem Guarda, já não foi tão Jovem Guarda assim, pois muita gente daquela época e daquele estilo musical, já parou de cantar ou, simplesmente, morreu. Eis a maior falha.

Mérito para a programação que privilegiou a prata da casa pernambucana com Cafuringa, Gilberto, Super Oara, Aladim, artistas que tocam este repertório o ano todo. Ou seja, têm identidade com o assunto. Também se buscou valorizar o artesanato com os stands dos nossos artesãos.

Foram três dias de festa, mais que de festival, pois não houve uma hegemonia na programação que remetesse ao título do evento. No material informativo oficial, falava-se de uma espera de 150 mil pessoas, visto por este ponto, foi decepcionante. Somente o sábado teve bom público, mas na sexta e no domingo, a praça ficou enorme.Os jovens não foram para a escadaria como de costume, aliás, não foram para a praça. 

O tempo não ajudou. Caiu uma aguinha, mas nada que afugentasse quem queria curtir seus ídolos.

Algumas falhas foram em quesitos que Izaías e todo mundo sempre bateu pesado quanto ao Festival de Inverno: Divulgação, programação, etc. Dois dias antes do FJG fui a Bom Conselho e um profissional de comunicação lá me perguntou se haveria o Festival. Ou seja, não impactou regionalmente. Pouca coisa no rádio, na TV nada, um ou outro out-door, umas faixas e olhe lá... Nada na internet. Hoje todo mundo está na internet, procurando informações e programações, e não houve um trabalho específico para isto. Ou seja, uma grande festa, um festival, e teve menos divulgação que deveria. Em Recife e Maceió, dois grandes centros com potencial de enviar turistas, não foram trabalhados com a grandeza do projeto. 

O evento não conseguiu motivar grande parte da nossa população.

A programação mostrou que o evento está voltado para as pessoas de mais idade, por mais que exista um ou outro caso de um jovem que curta Sérgio Reis, Fernando Mendes, Joanna e Fevers, não será nunca a regra, será sempre a exceção. A Radiola de Ficha, sucesso neste nicho de público, mostra isso. Então precisa atrair o público-perfil em outros lugares, como Maceió, que adora vir para Garanhuns, mas não ficou sabendo da festa. Em Bom Conselho teve Amado Batista e José Augusto em Jupi. Mesmo sem festival, os dois artistas têm hoje mais público na região que os que vieram para Garanhuns.

O público de meia idade de Garanhuns compareceu. Ao menos aqueles que não viajaram no feriadão. Ou seja, além de não atraírmos, ainda perdemos público. Muita gente, mas muita mesmo, viajou.

A festa ficou com cara de elite, não estava lá o povão. Ou seja, mesmo com artistas populares, a periferia da cidade e cidades próximas não se sentiram motivadas. Ou seja, uma festa para quem tem melhor poder aquisitivo, e por isto precisaria ser promovida com melhor mídia em outros municípios de grande porte.

Com excesso de romantismo, tinha momentos de morgação. Tanto é que a melhor atração foi The Fevers, porque sacudiu a praça com sucessos mais dançantes. Teve gente que pulou tanto que parecia show de rock. Muito bom mesmo. Pela ordem, depois de Fevers, veio Sérgio Reis e Joanna.

Para ter poder de atração dos jovens, precisaria mesclar. Existem bons cantores e bandas românticos/bregas que caberiam perfeitamente na proposta do evento, mas aí vem o maior problema...

O Festival não é da Jovem Guarda. Os próprios cantores ficavam constrangidos, precisavam se explicar. Fernando Mendes disse que não fez parte do movimento. Sérgio Reis cantou Coração de Papel, e só.  Fez seu show sertanejo regional. Joanna nem tocou no assunto. Ou seja, não existe Jovem Guarda no Festival da Jovem Guarda. Gente que canta axé, forró e Jovem Guarda não cativa público. As coisas não funcionam assim. É um problema de identidade. No passado já veio até Benito di Paula. Não existem mais grupos do movimento que explique haver um festival, e se está envelhecendo um evento, que pode muito bem mesclar atrações que agrade a vários públicos, como bem faz o Festival de Inverno, tornando-se mais atrativo para o público e patrocinadores.

Francisco Alencar propôs o retorno do Festival da Primavera. Outro amigo, a Oktoberfest (que também não tem identidade). Que tal a FEMUARTE de volta, uma ideia original que deu certo e atraía olhares de todo o Brasil? Mas se quer continuar com o romantismo antigo, pode incrementar a programação e caprichar na propaganda que vai atrair gente, pois há um público de meia e de terceira idade que quer e pode viajar, e está espalhado pelas principais cidades do Nordeste. Não precisa ser num feriadão, pois o garanhuense já tem o costume de deixar a cidade para pegar um solzinho.

Outra sugestão: Festival da Cultura Nordestina. A grande parte dos cantores e cantoras nacionais nasceram no Nordeste. Não vai faltar atração e o entusiasmo e ufanismo nordestino faria a mídia na grande rede de forma espontânea.

Voltando, enfim, ao Festival da Jovem Guarda, trata-se de um evento que precisa ser rediscutido quase em sua integridade. Não tem identidade com a região. Até se fosse Festival do Brega ou da Seresta teria mais sentido, trazendo ídolos do passado, mas é fato que a maioria deles não tem mais poder comercial, que possam fazer as pessoas deixarem suas cidades e virem curtir nosso evento, com a pompa que foi produzido o FJG.

Podem até vir, mas sabendo que será uma festa para os de casa, sem a expectativa projetada de ser um evento de mega proporções.

RÁDIO MÚSICA BRASIL MPB

Direitos do Autor

Copyright 2014 – RONALDO CESAR CARVALHO – Para a reprodução de artigos originais assinados pelo autor deste blog em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso,é exigida a exibição do link da postagem original ou do blog.