Segundo lugar em todas as pesquisas, Marina Silva não tem um partido com estrutura, mas sua imagem é conhecida em todo o Brasil, como uma mulher inteligente com um projeto sustentável para o país. Não tem experiência administrativa nem passa esta imagem de habilidade política, embora seja uma líder natural. É difícil imaginar Marina negociando com setores mais à direita, principalmente no Congresso Nacional.
Quarto colocado e último a entrar na corrida presidencial, Eduardo Campos é um governador bem avaliado, reeleito com quase 90% dos votos em Pernambuco. Comanda sem problemas um partido de centro-esquerda, com viés socialista, embora contestado pelo punho de ferro. Tem a solidez que falta em Marina. Mas Eduardo precisaria de maior visibilidade e provavelmente não haveria tempo hábil para isto. Tem o poder da comunicação. Seu discurso ainda tinha alguns furos, como a contradição de criticar o governo, o qual ajudou a construir e fazia parte. Agora não está mais só. Marina também tem a imagem de quem esteve lá, por isto projeta que pode fazer mais e melhor. Marina parece ser sinônimo de ética!
O PSB tem o que Marina precisa, e a acreana tem o que Eduardo precisa, neste momento. A profundidade e mídia de Marina dão visibilidade a Eduardo, e o pernambucano oferece a possibilidade de Marina continuar no jogo, podendo ser peça fundamental em um futuro governo socialista, com ênfase na sustentabilidade.
Sem o REDE, Marina teve vários convites de partidos, mas viu seu grupo se deteriorando, já que cada um tem também seu próprio projeto para cuidar. Também não teria a garantia de projeção e comando em um partido intermediário, assim é melhor apostar em um projeto consistente e já apresentado como o de Eduardo Campos, afastando-se do que representa a centro-direita de Aécio Neves.
Eduardo e Marina, juntos, trazem um novo tipo de debate do governo petista, mostrando que entre aliados e antigos correligionários pode haver também um projeto para o Brasil, que provoque avanços. Não é a simples oposição que critica tudo e todos.
Mas tem alguns problemas. Um exemplo: Como geralmente a vaga de vice busca atrair outros partidos com perfis até diferentes que agreguem outros públicos, resta saber a força do poder de atração de uma chapa puro-sangue, exclusivamente socialista, com presidente e vice de um mesmo partido. A junção de Marina e Eduardo agora, embora necessária e benéfica a ambos, já fecha a chapa.
Esta questão é imprescindível porque tempo de TV e consequentemente exposição nacional, dependem das alianças feitas já para o primeiro turno na campanha para presidente.