Desde a celebração da coalizão PSB-Rede, na data-limite de 5 de outubro, foram realizadas seis pesquisas nacionais de intenção de votos pelos institutos Datafolha, Vox Populi, Ibope, Sensus, MDA e Ibope, nesta ordem (vide gráfico).
Os números são muito claros em dois aspectos:
(1) a distância de pontos de intenção de votos entre a presidente e os mais prováveis adversários, Aécio Neves e Eduardo Campos, vem mostrando ampliação (passou de seis para 22 pontos entre a primeira pesquisa e a última), o que aumenta a possibilidade de o pleito ser encerrado no primeiro turno;
(2) as intenções de voto de Dilma (média de 42%) atingiram um teto, pelo menos nestes dois meses.
A eventual ocorrência de teto em intenções de voto acontece também na “avaliação do governo” da presidente. Esta variável, mensurada pela soma das manifestações positivas de ótimo e bom, é considera pelos cientistas políticos como um dos principais fatores determinantes do voto em eleições disputadas por incumbentes. Governos bem avaliados tendem a reeleger-se ou fazer sucessores. A avaliação de governo tem outra característica importante: ela independente dos cenários de intenção de votos.
A tabela que acompanha o texto desfila números da avaliação que os eleitores têm feito da gestão da presidente, nas pesquisas do Ibope. Nota-se que a popularidade (outro conceito para a soma de ótimo e bom) da presidente Dilma quase não te sofrido alterações, gravitando no entorno de 38%, desde agosto, perpassando o período da surpreendente aliança Marina-Eduardo.
AVALIAÇÃO DA
ADMINISTRAÇÃO (%) DA PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF
PESQUISAS DO
IBOPE
(agosto a novembro de 2013)
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Conceito
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agosto
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setembro
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outubro
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novembro
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Média
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Ótimo
+ Bom
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38
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37
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38
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39
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38
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Data
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15-19/ago
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14-17/set
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12-21/out
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7-11/nov
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Fonte: elaboração própria com base em pesquisas do Ibope
Enfim, tanto em intenções de voto, quanto em popularidade, a presidente está encontrando dificuldades de superar as casas médias de 42% e 38%, respectivamente. O objetivo maior da governante é ultrapassar estes limites, de certa forma desconfortáveis para a reeleição pretendida. Sua vantajosa condição de incumbente, porém, é facilitadora desse intento.
Do lado dos adversários, o desafio é reconquistar adeptos e ainda fazer novos, de tal sorte que aproximem suas intenções de voto do plateau que a líder das pesquisas exibe, garantindo, assim, a segunda etapa do pleito.
Se a incumbência soma a favor da presidente, as manifestações de junho, que deixaram algo de inescrutável e imponderável no ar, tendem a pesar para o lado da oposição. Afinal de contas, esta pesquisa do Ibope mostrou que 62% da população quer que o próximo presidente opere mudanças no País, contra 35% que preferem a continuidade do que está aí. Como disse Marina Silva: “O imprevisível ronda o palco dos acontecimentos”.
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Maurício Costa Romão, Ph.D. em economia, é consultor da Contexto
Estratégias Política e Institucional, e do Instituto de Pesquisa Maurício de
Nassau. mauricio-romao@uol.com.br