Dos três institutos que realizaram pesquisas nacionais em fevereiro deste ano - MDA, Datafolha e Ibope - apenas este último não quantificou intenção de votos, limitando-se a auscultar a população sobre a avaliação do governo Dilma Rousseff e a respeito da realização da copa do mundo no Brasil.
Comparando essas três pesquisas de fevereiro com as últimas realizadas pelos respectivos institutos em 2013, observam-se dois resultados nítidos: (1) invariância nas intenções de voto e (2) constância ou tendência de queda da popularidade da presidente.
(1) Há uma clara estabilidade no quadro eleitoral, na hipótese de se confirmar a composição do cenário mais provável de concorrentes à presidência, com a atual mandatária Dilma Rousseff, o governador Eduardo Campos e o senador Aécio Neves.
Com efeito, MDA e Datafolha repetem em fevereiro praticamente os mesmos números obtidos pelos respectivos institutos no mês de novembro, em termos de intenção de votos. Dilma continua liderando, com uma vantagem média sobre a soma de intenções de voto de seus adversários de 15,8 pontos (MDA) e 17,5 pontos (Datafolha), respectivamente.
Se a eleição fosse hoje, essa combinação de números faria a presidente ganhar no primeiro turno. As variações havidas de novembro para fevereiro foram apenas marginais e estão dentro da margem de erro das pesquisas (MDA = 2,2 pontos e Datafolha = 2,0 pontos).
(2) Quanto à gestão governamental da presidente, MDA (39% a 36%) e Ibope (43% a 39%) apontam queda de apoio do eleitorado, de novembro a fevereiro, e Datafolha (41% e 41%), constância.
É licito inferir daí que a avaliação positiva do governo ou caiu ou se estabilizou, embora os números estejam dentro da margem de erro (no limite da margem, no caso do Ibope, cujo percentual é de 2,0%).
A letargia eleitoral se explica em parte pelo desinteresse da população pela eleição neste momento do calendário eleitoral. Basta dizer que 62,1% dos eleitores disseram na pesquisa do MDA agora de fevereiro que estavam sem nenhum interesse na eleição ou pouco interessado nela.
Registre-se, ainda, que os votos em branco, nulos e indecisos somam 29,4% no MDA e 24% no Datafolha. São índices elevados que reforçam esse estado de alheamento do eleitor.
Outra explicação para essa invariância dos números deve-se ao fato de que os adversários de Dilma Rousseff ainda não se apresentaram totalmente aos eleitores, sendo ainda desconhecidos por grande parte deles. Sob esse aspecto a presidente desfruta de excepcional vantagem em termos de visibilidade devido à sua posição de incumbente.
De qualquer sorte, é inevitável depreender dessa estabilidade dos números das pesquisas que nem oposição nem situação conseguiram capitalizar, pelo menos até agora, os sentimentos de mudança que se expressaram das manifestações de junho passado e que vem sendo reiterados nos sucessivos levantamentos dos grandes institutos de pesquisa.
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Maurício Costa Romão, Ph.D. em economia, é consultor da Contexto Estratégias Política e Institucional, e do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau. mauricio-romao@uol.com.br