Zé Lezin, o humorista, em um de seus shows, quando foi contar alguns causos de Seu Lunga, descreveu o sertanejo não como o ignorante, mas como um homem muito inteligente, que não ceitava perguntas imbecis. São clássicas algumas histórias como o conserto do telhado e o leite no chão.
É verdade, junte-se a isto um senso de humor negro. Um homem sertanejo, de quase 90 anos, teve a vivência da roça, sem privilégios da tecnologia, e seu jeito mais conquistava que causava repúdio. O Nordeste se via em Seu Lunga, um personagem pitoresco, que parece sair das histórias de Ariano, Patativa ou Chico Anysio.
Mas cumpriu sua sentença, como nas estórias de João Grilo.
Seu Lunga virou o mote, e uma grande parte do anedotário acabaram lhes sendo atribuídas, mesmo que tivessem acontecido com outras personagens, pois o Nordeste e o interior do país está repleto deste tipo folclórico. Um personagem caricato que existiu em carne e osso.
A MORTE - Mas o original se foi. Joaquim Santos Rodrigues, o "Seu Lunga", morreu por volta das 9 horas deste sábado (22) na cidade de Barbalha, no Cariri cearense. "Seu Lunga" tinha 87 anos e estava internado no Hospital São Vicente de Paulo há três dias, em Barbalha, por causa de um câncer de esôfago. O sepultamento será neste domingo(23) no Cemitério do Socorro, em Juazeiro do Norte. Comerciante, poeta e repentista ganhou fama no Nordeste pelos causos que citavam seu mau-humor.
"Seu Lunga" nasceu no dia 18 de agosto de 1927, no Sítio Gravatá, na zona rural do município de Caririaçu, na Região do Cariri. Viveu a infância com os pais e sete irmãos no município de Assaré, e com 16 anos foi morar em Juazeiro do Norte.
O apelido, recebeu de uma vizinha que passou a chamá-lo de Calunga que, com o tempo foi reduzido para "Lunga". Casado com dona Carmelita Rodrigues Camilo, era pai de 13 filhos, dos quais, dois morreram. (G1.com)
