O Ministro da Justiça do Brasil, Eduardo Cardozo, deu uma declaração preocupante esta semana, disse que no Brasil até síndico de prédio superfatura capacho. E o pior é que está certo. A corrupção no país é endêmica, cultural e em alguns casos até sistêmica. E olha que ele é o Ministro da Justiça, no executivo, autoridade maior sobre o assunto.
Indo mais além, ele lembrou de situações cotidianas onde grande parte da população comete seus pequenos atos de corrupção.
Não podemos, no entanto, tratar como trivial o maior esquema de corrupção descoberto no país, que ultrapassa a casa dos bilhões, e onde os investigados fazem questão de devolver centenas de milhares de reais, como quem devolve um troco dado a mais.
É claro que o esquema é muito grande, já se trabalha com cerca de 70 parlamentares citados como receptores destas propinas. E isto pode paralisar o Congresso Nacional no próximo ano. Imaginem o julgamento disso!
O mais preocupante é saber que o esquema funciona há 15 anos, com nomes indicados por partidos políticos. Há 12 anos no governo do PT, com representantes do PP, PMDB e do próprio PT com gente lá dentro somente para tratar do sistema e da divisão do bolo. Paulo Roberto Costa era o nome do PP, Cerveró do PMDB e Renato Duque o representante petista. Nos desvios são citados também nomes da oposição, como receptores de repasses milionários.
Mais preocupante ainda é saber que nossas instituições demoraram tanto para descobrir. É uma década e meia de desvios, que começou na era FHC e profissionalizou com o PT no comando.
Não podemos esquecer que a Petrobras é a mais importante empresa nacional, precisaria de um olhar prioritário em sua administração. Lula indicou presidente e a presidente do Conselho da Administração, que era justamente a presidente Dilma, então Ministra de Minas e Energia, que játinha responsabilidade com a empresa pública de petróleo. E depois virou presidente, Dilma colocou sua cara na Petrobras, tirou o presidente do Lula, Sérgio Gabrielli, e colocou a sua, Graça Foster. No mínimo, houve incompetência, se a Polícia Federal não chegar a concluir participação, pois até o momento não tem nada que chegue em Lula e Dilma. Incompetência em vários setores, desde a presidência da empresa, ao Conselho de Administração, ao Ministério, até o Palácio. Ninguém sabia. A investigação foi de fora para dentro, embora se tente mostrar o contrário.
O Tribunal de Contas da União, órgão que poderia identificar estes desvios, ficou somente nas possibilidades, e não aprofundou em tempo hábil para evitar este enorme dano.
Tão preocupante quanto, é saber que pode estar acontecendo a mesma coisa em outras estatais. Se nossas instituições investigativas, internas como o Conselho da Administração e as auditorias, e externos como PF e TCU demoraram tanto para agir, como pensar que não haja mais nada por aí? Deve ter, diante da enormidade da administração pública. E olha que estamos falando somente da questão federal.
A sociedade é corrupta, fazendo uma análise da análise do ministro. Mas é ela quem está pagando um preço alto pela corrupção de alguns. O Ministro diminui o estrago tentando dizer que se trata apenas de um superfaturamento, aliás, hiper, maxi, super, mas esquece de dizer que ele alimentava um esquema político, portanto não era somente o desvio pelo enriquecimento ilícito.
A sociedade precisa acompanhar, e não aceitar apenas os argumentos de que é comum, corriqueiro, e que todos faziam isto no passado.
Aliás, o título deste post é uma pergunta, não respondida em nosso texto. Tem alguma opinião sobre o assunto?