Com a doação ao município de uma escultura que retrata um Dinossauro, o multiartista Marcílio Reinaux deu margem para muitos elogios, algumas brincadeiras e o resgate de um texto em que o historiador João de Deus de Oliveira Dias conta que em época remota, a região foi habitada pelos extintos animais.
Anchieta Gueiros, par do Instituto Histórico trouxe este texto em seu blog, e pela circunstância, é interessante que tomemos conhecimento de tão importante registro!
Escultura será montada no Parque Euclides Dourado. Tem 20m de comprimento por 6m de altura |
(Fonte da Pesquisa: Livro "A Terra dos Garanhuns", do Professor João de Deus de Oliveira Dias - ano de 1954).
Em Garanhuns, no distrito dos Caetés, na Serra do Tará, naFazenda "Pau Ferro" de Luiz Noronha Branco, foi encontrada pelo mesmo, numa destas depressões nos lagedos, uma ossada fóssil de vertebrado antediluviano, provalvemente do gênero Mastodon.
Semelhantes espécimes, cujos esqueletos foram encontrados à superfície, migraram à procura da água, desde os primórdios daÉra Quarternária, provável época da ruptura da formidável represa de arenito, constituida pelas serras de Tacaratú, Negra e várias outras fragmentadas e erodidas, que formavam a formidável bacia hidráulica do extenso mar mediterrâneo brasileiro, que deu origem ao rio São Francisco, segundo hipótese de Emmanuel Liais.
Suas ossadas encontram-se esparsas em tôda esta vasta faixa descrita, que se estende a Chapada do Araripe até as serras Tacaratú, Negra, do Comunati, do Buique, etc.
Na planície de Icó (jatobá), ao lado dos restos dêstes vertebrados gigantes, também são encontrados pedaços de troncos de árvores descomunais, silicificadas e carbonizadas.
Em Jatobá, na margem do São Francisco, existem depósitos de lignito (lenhito), em delgados folhedos.
Na Serra Negra, em Floresta do Navio, encontram-se, ainda, no cimo da serra, a mil metros de altitude, remanescentes destas árvores seculares, em mata luxuriante.
No calcáreo da Chapada do Araripe, existem com mais frequência fósseis de peixes ganoides (pequenos tubarões), ancestrais dos atuais seláquios, os quais infestavam aquelas regiões pelágicas, submarinas, e que pela sua voracidade, quase domínaram a fauna ictiológica local.
A ocorrência dos fósseis de vertebrados superiores, em Garanhuns, tem sido em pequenos caldeirões, nos lagedos, ou em terrenos sedimentares, argilosos ou limosos, de pequenas bacias (cacimbas, barreiros), do Período Pleistocênio, caracterizado pelas espécies Megatherium cuvieri Lund, Cuvieronius brasiliensis Lund, Panochthus oliveira-roxo Castellanos, Toxodon expansidens Agassiz, Mastodon humboldtii Cuvier, etc.
Os restos de mamíferos extintos, diz Luciano Jacques de Morais, têm aparecido em diversos lugares do Estado e são encontrados, frequentemente, ao proceder-se a excavação de tanques, denominação dada aos poços destinados ao armazenamento dágua. Êstes poços são abertos, tanto nos pontos altos como elevados da superfície, mas quase sempre em cadeirões ou fossas entulhadas por depósitos de aluvião.
Os ossos dêsses animais também costumam aparecer na estação sêca nos fundos das lagoas e nos vales.
Jonh Casper Branner encontrou restos de mamíferos quaternários nos lugares Lagoa da Lágea, Lageiro e Lagoa Cavada, entre Águas Belas e Garanhuns. Na lagoa da Lágea, Branner colheu, segundo Luciano Jacques, dois pedaços de presas, diversas vértebras e vários dentes partidos de Mastodon, a mandíbula e dentes de outra espécie de vertebrados gigantescos.
Os restos da ossada encontrada no caldeirão da Serra do Tará, da Fazenda "Pau Ferro" de Lula Branco, em Garanhuns, a julgar pelo achado de Branner e pela descrição dos ossos, devem pertencer, provavelmente, à espécie Mastodon humboldtii Cuvier.
Nas barreiras cretáceas da Serra dos Garanhuns, a não ser algumas resinas fósseis (âmbar), encontradas por Ruber van der Linder, na Amélia, ainda não foram descobertos fósseis de animais ou vegetais.
Não tendo, ainda sendo constatada a exigência de calcáreo cretáceo que deve existir em áreas restritas, não se poude verificar a ocorrência de peixe das espécies: Lepidotus temnurus Agassiz e Lepidotus piaahyensis Roxo e Lofgren, muito comuns naquêle período.