Ouvi todos os argumentos que a prefeitura tinha para tentar explicar o fim do jazz, mas não aceitei nenhum, por culpa da própria prefeitura. Há três anos que Izaías alardeia aos quatro cantos que Garanhuns tem dinheiro sobrando (chegou a R$ 15 milhões em caixa, segundo ele), sendo uma referência regional, quando a maioria está com o pires na mão.
Esta economia fez com que desse de mão beijada R$ 500 mil em duas atrações para o Festival de Inverno: Ana Carolina e Capital Inicial, cujos contratos são motivos de investigação no Ministério Público. As atrações levantaram a programação do FIG, mas não era sua obrigação. O Jazz era!
O Natal Luz, belíssimo, custou a bagatela de R$ 1 milhão, segundo a própria prefeitura. Disseram-me que o caché de Agnaldo Timóteo foi altíssimo, mas não sei dizer quanto. E olha que ele veio sem banda.
Em três anos, não houve sinais de crise financeira em Garanhuns, aliás, a arrecadação aumentou com a Taxa de Iluminação Pública, e até o Zona Azul teve aumento de 100%. As paradas de ônibus foram monetizadas com publicidade e os parques e praças podem ser administrados pela iniciativa privada.
Mas no planejamento para 2016, as contas apertaram, e esta é a principal causa, segundo as notas oficiais.
Mas que planejamento é este que cancela um mega evento, consolidado, com repercussão nacional? Na maioria das cidades com eventos deste porte, pode até diminuir o orçamento, mas cancelar e perder para outra cidade é um prejuízo incalculável.
Segundo a própria prefeitura o Jazz era um sucesso absoluto (é só pegar as matérias divulgadas por sua Secretaria de Comunicação): Mídia nacional espontânea, taxa de ocupação, movimento na cidade e comércio informal. Cancelar a 40 dias do evento, com tanta gente fazendo reservas em hotel, e outros que programaram férias há alguns meses, para vir curtir o Garanhuns Jazz Festival, mostra falta de planejamento, e não o contrário.
Faltou sensibilidade cultural.
Não se podem confrontar números, pois eles são frios. A conta de gente na rua não pode se aplicar a investimentos culturais, sob o risco de só termos banda de forró estilizado nas festas municipais. Cultura e turismo é mais que isso. Há o que se agrega. O prefeito afirmou que administra a cidade como uma empresa, visando lucro, por isto vê receita e despesa. Não há como mensurar valores culturais em projetos como este. Alguns eventos com bandas da mídia não deixam resíduos culturais, o Festival de Jazz estava ofertando uma aura e um crescimento perceptível, e isto é de médio e longo prazo, além da resposta imediata que já observávamos.
Planejamento seria conseguir as receitas em outros setores da administração, em patrocínios e em instituições, como o próprio prefeito sempre se gabou de dizer que sabia onde iria buscar.
Portanto, infelizmente, o Garanhuns Jazz acabou (e vai para Gravatá) por falta de interesse de atual administração, e esta decisão pesa sobre duas pessoas, a secretária de turismo, Gerlane Melo, e o prefeito Izaías Régis.
Garanhuns acaba de retroceder 10 anos.