Em 30 anos, os casos de diabetes cresceram quatro vezes em todo o mundo. A doença atinge mais de 400 milhões de pessoas, dos quais 190 mil estão em Pernambuco. O crescimento motivou alerta da Organização Mundial de Saúde (OMS) neste mês, preocupada diante das taxas de mortalidade e amputações de membros. A doença é a segunda maior fonte de amputações no planeta e até 2030 será a sétima maior causa de mortes. Frear as estatísticas depende da mudança de hábitos da população, para evitar novos diabéticos, e também do investimento em tratamentos mais eficientes para reduzir as complicações.
Um em cada quatro diabéticos desenvolverá “pé diabético” até o fim da vida. Condição que já atinge pelo menos 100 milhões de pessoas atualmente e é caracterizada pelo surgimento de úlceras de difícil cicatrização nos membros. São feridas que demoram, às vezes, anos para fechar. “O diabético tem alterações vasculares que impedem o fluxo do sangue, que carrega propriedades cicatrizantes e células do sistema imune, de modo habitual”, explica o professor adjunto de fisiologia da Universidade de Pernambuco (UPE) Bruno Carvalho.
Ele faz parte de um grupo de pesquisadores da UPE que pretende desenvolver um equipamento com poder de reduzir para dias essa cicatrização, utilizando apenas luz e um gel feito pela Unicamp. Com a professora associada de imunologia Patrícia Moura, a biomédica e doutoranda da UPE Luciana Mello e o empreendedor Caio Guimarães, ele desenvolve um aparelho portátil que utiliza ondas de luz nas cores azul, com capacidade bactericida, e vermelha, cicatrizante, para desinfectar e tratar uma ferida diabética em cerca de 15 dias.
O grupo lançou um crowdfunding, financiamento coletivo online, para viabilizar a construção dos protótipos e a realização de testes. Desde o último dia 8, o relógio deles conta regressivamente 60 dias. Esse é o tempo para arrecadar R$ 80 mil e atingir a meta. Em pouco mais de duas semanas, eles já arrecadaram R$ 10 mil. O dinheiro será investido na contratação de pessoal, compra dos equipamentos, viagens, relatórios e também na confecção de recompensas para quem se disponibilizar a ajudar.
O valor mínimo solicitado é de R$ 20 e pode chegar a mais de R$ 2 mil. São 10 faixas de doações e, para cada uma delas, os ajudantes são recompensados com brindes que vão desde um postal até a utilização da própria marca no site e produto dos pesquisadores. Há por exemplo palestras, workshops e até um livro escritos por pessoas como a atriz Alessandra Maestrini e o apresentador Pedro Bial.
Com o dinheiro em mãos, o grupo pretende iniciar os testes no segundo semestre deste ano, com 20 a 60 pacientes da unidade referência para tratamento de pé diabético do Hospital Agamenon Magalhães. Eles vão verificar qual a intensidade e o tempo médio que a luz leva para finalizar o tratamento. Em 2017, o produto deverá ser disponibilizado para o mercado. “Já existe uma metanálise, a combinação de diversos estudos, comprovando o funcionamento da fototerapia para as lesões”, explicou a professora Patrícia Moura.
http://www.diariodepernambuco.com.br/
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