Anos 90 e eu ouvia a Rádio Sete Colinas transmitindo o Maceió Fest, eu era jovem e aquilo impressionava. Por que uma rádio de uma cidade vai transmitir um evento em outra, tão longe? Aprendi. A rádio não pode estar presa entre as quatro paredes de seu estúdio, tem que ir onde o povo está e trazer a informação que seus ouvintes desejam. A mesma coisa acontece quando vejo Marco Antônio e os profissionais da Difusora de Alagoas vindo transmitir o nosso festival. Há interesse? Então vamos!
Muitos anos depois, pude desenvolver este raciocínio quando comecei na Estação Sat. Iniciamos vários programas e transmissões fora do estúdio, desde meu programa "Entrevista Coletiva", que fazia aos sábados à tarde na Churrascaria Terraço, inclusive com música ao vivo.
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| Com Carlos Janduy, Ramos Netto e Samara Pontes |
Antes do vínculo com a emissora, comprava os horários e fazia as transmissões, foi assim como a FEMUARTE e o Bicho Indoor, no Hotel Tavares Correia. Lembram? Sem contar Garanheta e Festival, que as outras emissoras de Garanhuns já faziam, e muito bem!
Ao meu lado nas transmissões chamava grandes profissionais como Carlos Janduy, Valdir Marino, Gerson Lima, Luciano André... E das emissoras, gente como Cássia Amaral, Gilson Santos, Ramos Netto, Fernando Rodolfo... Confesso que Garanheta e Festivais de Inverno eu perdi a conta. Acho que umas quatro ou cinco Garanhetas e uns 10 ou 12 Festivais, ou mais, sei lá, juntando Estação e 87FM. Até quando fomos (eu e Sonita) para o centenário de Gonzagão em Exu, entrava ao vivo na programação da 87FM para dar informações. Queria ter transmitido, se tivéssemos condições na época, teríamos as duas últimas apresentações de Dominguinhos, uma participação especial no Parque Aza Branca (é com Z mesmo), e depois seu show antecedendo Gilberto Gil, no palco principal.
Depois da Esatação, aceitei o desafio, e junto com Walfredo Neto, implantamos o novo conceito da 87FM, que deixou de ser Rádio Monte Sinai para se tornar uma rádio jovem, dinâmica, de apelo popular e... Na rua. Amigos como Ramos Netto, Samara Pontes, Simão Silva, Gilson, Maruzan, Eugênio Sobrinho, Roberto Lima, Thiago Emanuel, entre outros, foram muito importantes no impulso inicial. Lembro as transmissões do futebol, que virou uma espécie de carro chefe, quando acompanhamos o Sete de Setembro durante uns três ou quatro anos até a conquista triunfal do retorno à primeira divisão, e depois a frustrante desistência de participar do campeonato. Nunca mais foi a mesma coisa.
Mas a 87FM nasceu com este perfil, de ir atrás dos eventos, sejam cotidianos ou grandes festivais, de criar programas alternativos e de não acomodar no estúdio.
Mas a 87FM nasceu com este perfil, de ir atrás dos eventos, sejam cotidianos ou grandes festivais, de criar programas alternativos e de não acomodar no estúdio.
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| Entrevistando Anita Prestes |
Para a consolidação da emissora, um grande profissional foi imprescindível, Pereira Filho, que deixou a Estação Sat quando esta passou para igreja evangélica. O radialista deu consistência comercial à 87FM, alta audiência e sedimentou o conceito popular da rádio do povão. Pereira se tornou maior nome e audiência da emissora. Tem outro rapaz que não pode ser esquecido por onde passou, Hugo Pádua. Ensinou-me muito de rádio e foi o responsável pela nova plástica.
A 87FM sempre teve alguma deficiência técnica, mas era superada pela vontade de todos. Aos poucos, com a consolidação, investimentos foram feitos, e hoje dispõe de equipamentos, veículos e até um estúdio móvel que pode ir transmitir de qualquer lugar e a qualquer hora.
Saí de lá há alguns anos por não poder mais conciliar as atividades, mas Neto junto com o pessoal pegou no serviço e a rádio continuou em crescimento, Paulo André, o nosso P.A., que sabe tudo de música, segurou a programação musical no gosto da galera.
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| Bate-bola de Copa do mundo com Ismar, Lenildo e Eugênio |
Atualmente tem um fenômeno chamado Véio Jerimias, e seus meninos, que estão transmitindo o São João de Caruaru. Olha só a equipe: Alysson Novato, Allan Gustavo, Douglas Lima, o experiente Gilson Santos e claro, Abdias Santos, o Véio Jerimias. Em matéria de transmissão é o auge para uma emissora comunitária que está a mais de 100km do local do evento, o investimento e o retorno devem ser do tamanho da ousadia. É lógico que Caruaru também ganha, pois está inserindo na mídia de Garanhuns o seu maior evento anual, aquele considerado o Maior São João do Mundo.
Fico feliz de registrar um pouco desta história, que iniciou com Osman Holanda dando carta branca a mim, Neto e Hugo.
Sempre acreditei que é rentável para as emissoras saírem do trivial, criar, fazer diferente, pois facilita atrair investimentos quando se oferece um bom projeto. As oportunidades estão aí, feiras livres, congressos, carnavais, vaquejadas, festas particulares, onde mais a criatividade possa levar, pois tem sempre boas histórias para contar e muita coisa a transmitir. A antiga Difusora de Garanhuns e as grandes emissoras do país tinham seus programas de auditório, novelas, jogos com os ouvintes, programas de humor, jornais... Eram mais plurais com programação segmentada, o tempo mudou, hoje tem a internet, mas se alguém achava que ia acabar rádio, pelo contrário, veio para somar, e hoje as rádios podem ser ouvidas no mundo todo e usam bem as redes sociais.
Estamos na época de Webrádio, Spotify, Deezer, etc. Por isto as emissoras precisam se bulir. O tempo não volta, mas muita coisa pode ser repensada para fugir do trivial, com criatividade.
A 87FM está aí, para provar que é possível.
