Concursos destacam melhores trabalhos em Romance, Poesia, além de Infanto juvenil
Foram divulgados na quarta-feira (12) os ganhadores do IV Prêmio Cepe Nacional de Literatura e do I Prêmio Cepe Nacional de Literatura Infantil e Juvenil. Cada um dos certames teve dois ganhadores, assegurando premiações no valor de R$ 20 mil para as categorias Romance e Poesia e de R$ 10 mil para as categorias Infantil e Juvenil. O português naturalizado brasileiro Pedro Veludo foi o vencedor na categoria Romance com o livro O filho das viúvas, enquanto a carioca Stephanie Caroline da Silveira Borges arrebatou o primeiro lugar em Poesia com o seu livro de estreia Talvez precisemos de um nome para isso. O pernambucano Helder Herik Cavalcanti Soares, de Garanhuns, foi destaque no Infantil com a obra Criançaria e o paraibano Gael Rodrigues levou o Juvenil com o título A menina que engoliu o céu estrelado.
Com 24 livros publicados, Pedro Veludo, 72 anos, já acumula alguns prêmios no currículo, como o segundo lugar na categoria Infantil do Prêmio Jabuti 2014, pelo título Da guerra dos mares e das areias: fábula sobre as marés (Editora Quatro Cantos). Já havia inscrito trabalhos em edições anteriores do Cepe Nacional de Literatura, sendo estreante como vencedor. “Acho que prêmios como esse são atualmente o maior incentivo a quem começa e uma excelente divulgação do trabalho de quem escreve”, declara Pedro, que viveu 30 anos no Brasil antes de retornar a Portugal.
Em O filho das viúvas, Pedro segue a linha do realismo mágico para contar a história tragicômica de Catrônfilo, morador de Cabra Cega, onde não somente o protagonista tem nome esdrúxulo, mas também suas quatro ‘mães’ Fedúncia, Miraldina, Brandiete e Maria Mais Para Mais Que Para Menos. Inspirado na simplicidade do povo sul-americano, com o qual conviveu graças à profissão de engenheiro, Pedro cria diversos enredos que se entrelaçam. Caso das desavenças entre Dona Fedúncia e Dona Freamundina; e do falso padre Bonomínio, que não sabia rezar missa, muito menos sabia o significado da palavra meridiano.
Vencedora na categoria Poesia, a jornalista e tradutora carioca Stephanie Borges faz, em seu livro Talvez precisemos de um nome para isso, uma busca por figuras, pessoas e situações que traduzam o que ainda não tem nome e mergulha no tema do emponderamento feminino negro. “Muitas coisas vividas pelas mulheres negras não têm nome, não são traduzidas em uma palavra e dificultam o debate do assunto”, explica. O poema perpassa por narrativas sagradas, lembranças bucólicas, trechos de músicas e críticas ao que chama de “eufemismo do mercado”. O fio condutor, entretanto, é a (auto)análise do que pensa a menina e a mulher negra, como se expressa, como vê e como é vista. O poema será a sua primeira obra publicada.
Infanto juvenil - A primeira edição do Prêmio Cepe Nacional de Literatura Infantil e Juvenil destacou trabalhos de dois jovens escritores nordestinos. Gael Rodrigues, paraibano da cidade de Itabaiana e atualmente morando em São Paulo, foi o grande vencedor na categoria Juvenil com A Menina que engoliu um céu estrelado – seu primeiro livro voltado para o público leitor mais jovem. Usando elementos que remetem ao Nordeste, Gael conta a história da menina Jurema, que depois de ter engolido acidentalmente a lua e o céu estrelado, parte rumo à Capital, ao lado do melhor amigo, o bode Damião, em busca do pai para solucionar o grande impasse. No caminho, personagens fantásticos, aventuras e muita carga emocional, trabalham conceitos e valores, como amizade, o egoísmo, a ganância, o amor.
Com 32 anos de idade, Gael Rodrigues foi vencedor do Prêmio Literário da Fundação Cultural do Pará 2017 com o romance Terra Laranja e finalista do Prêmio Barco a Vapor de Literatura Infantil e Juvenil.
HELDER CONQUISTA PRÊMIO NACIONAL DE LITERATURA INFANTIL
Já na categoria infantil, o pernambucano Helder Herik Cavalcanti Soares ganhou com o título Criançaria. O autor explora a liberdade criativa do universo infantil, em que tudo é possível, inclusive um sapo latir ou uma aranha palitar os dentes com suas patas de graveto. Ao escrever, o professor de Literatura do Ensino Médio não teve a preocupação de limitar a idade para a qual sua narrativa se dirigia. Helder partiu do princípio que as crianças têm capacidade de compreensão muito além do óbvio, para acompanhar as viagens de Dário e seus bichos, como as letras que saem dos livros, tal qual um formigueiro.
Nascido em 1979, Helder usou como pseudônimo uma personagem de Gabriel Garcia Marques, de Cem anos de solidão, Rebeca Buendia. Não à toa escolheu uma referência do realismo fantástico de Gabo. Helder já publicou pela Cepe o título Rinoceronte Dromedário, vencedor regional (Agreste) do II Prêmio Pernambuco de Literatura, em 2015.
A Cepe recebeu 1.116 inscrições efetivas de todo o país, além de brasileiros residentes no exterior e estrangeiros naturalizados brasileiros. Desse total, 623 foram destinadas ao IV Prêmio Cepe Nacional de Literatura; e 493 ao I Prêmio Cepe Nacional de Literatura Infantojuvenil.
A comissão julgadora da edição do Nacional de Literatura Infantil e Juvenil foi formada pelo escritor e ilustrador Walther Moreira Santos; pelo professor e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação, Culturas e Identidades da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Hugo Monteiro; e pela escritora e jornalista Januária Cristina Alves. Já o IV Prêmio Cepe Nacional de Literatura contou com uma comissão de pré-seleção (local) formada pelo jornalista Felipe Torres, pelo poeta e ensaísta Delmo Montenegro e pela poeta Priscilla Campos. A comissão final de premiação foi composta pela escritora e historiadora Micheliny Verunschk, pela poeta e jornalista Angélica Freitas e pelo poeta e editor Joca Reiners Terron. Não houve trabalhos selecionados na categoria Contos.
Para o presidente da Companhia Editora de Pernambuco, jornalista Ricardo Leitão, com os prêmios nacionais a Cepe se consolida no mercado editoral brasileiro como importante indutora da cultura, assegurando espaço para escritores já em atividade e revelando novos talentos.