O GLOBO
O uso da hidroxicloroquina não oferece benefícios a pacientes com Covid-19 em quadros leves e moderados, concluiu estudo que envolveu 55 hospitais brasileiros. Médicos e pesquisadores acompanharam 667 pacientes de unidades públicas e privadas entre março e junho. O resultado foi divulgado no periódico científico “New England Journal of Medicine”.
“Não constatamos nenhum efeito benéfico, nem com a hidroxicloroquina sozinha nem junto com a azitromicina”, afirma o médico intensivista Regis Goulart Rosa, que participou do estudo. Além disso, os medicamentos provocaram efeitos adversos nos pacientes.
O tratamento com hidroxicloroquina tem como principal defensor no país o presidente Jair Bolsonaro. Ele recomenda a substância desde o início da pandemia e passou a usá-la depois que recebeu diagnóstico positivo para a Covid-19. Bolsonaro faz dois exames cardíacos por dia para monitorar efeitos colaterais.
Em foco: o Ministério da Saúde foi alertado por técnicos a não adquirir e produzir cloroquina em massa. Em reunião em maio, o governo relatou a importação de três toneladas de insumo para produzir a substância. Por ordem de Bolsonaro, o Exército passou a fabricar o medicamento. O Ministério Público que atua junto ao Tribunal de Contas da União investiga suspeita de superfaturamento na compra da matéria-prima. Hoje, o governo tem estocado ao menos 5,4 milhões de comprimidos.