Em maio deste ano, uma reportagem do UOL mostrou uma disputa entre o alto comando militar e o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), o filho "02" do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). O motivo: uma licitação de R$ 25,4 milhões para contratar o avançado (e polêmico) programa de espionagem Pegasus, desenvolvido pela empresa israelense NSO Group.
À época, a atuação de Carlos incomodou parte dos militares que integram o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e a Abin (Agência Nacional de Inteligência), já que os órgãos ficaram de fora das tratativas. A empresa abandonou a licitação.
Entre os planos de compras do vereador, revela com exclusividade hoje o UOL, estava também um outro programa, também de Israel, conhecido como Sherlock. Enquanto o Pegasus funcionaria para alimentar o governo com informações de jornalistas, ativistas e desafetos políticos, o Sherlock serviria, para municiar os Bolsonaro contra possíveis problemas internos no governo, escreve o repórter Lucas Valença.
Desde a transição da gestão Temer, ainda no fim de 2018, a família presidencial tem desconfiado e se preocupado com servidores e funcionários públicos que atuam no próprio Planalto e nos anexos. A ferramenta espiã, então, poderia ser utilizada para monitorar funcionários que manteriam contato com jornalistas e ativistas considerados "inimigos" pela atual gestão.
O Sherlock também é de fácil manuseio, já que bastaria plugar um simples pen drive em qualquer computador do Planalto para comprometer todo o sistema de rede da sede da Presidência da República (o que inclui o prédio principal e os anexos). Isso porque o cabeamento físico do prédio é conectado, o que permitiria, com facilidade, ao programa invadir todo o sistema da Presidência.