O presidente Jair Bolsonaro não acredita na viabilidade de uma "terceira via" nas eleições de 2022, está convicto de que irá para o segundo turno com o ex-presidente Lula e considera que terá 30% dos votos nessa fase. A informação é de um assessor do primeiro escalão próximo do presidente ouvido pela colunista Thaís Oyama.
No entanto, Bolsonaro teme ser derrotado ao final sobretudo pelo efeito eleitoral decorrente do que ele vem chamando de "inflação dos pobres".
Segundo o assessor, a escalada de preços de produtos básicos (como arroz, carne e botijão de gás) ameaça criar um "desequilíbrio de competitividade" entre Bolsonaro e Lula. O petista, segundo o último Datafolha, tem a preferência de 57% dos brasileiros com renda familiar até dois salários mínimos.
Diante disso, afirma o assessor, o presidente sabe que só conseguirá superar a desvantagem em relação ao seu provável concorrente mediante a execução de programas de assistência vultosos, como um Auxílio Brasil vitaminado e a distribuição de vouchers para compra de gás de cozinha, que Bolsonaro já disse estar em estudo e chamou de "vale-gás".
O problema é que a perspectiva de maior alta da inflação tem diminuído o espaço fiscal do governo para o aumento de gastos em 2022. A folga orçamentária projetada por esse espaço adicional no teto de gastos, que já chegou a 40 bilhões de reais, está hoje em torno de 15 a 20 bilhões de reais apenas.