O colunista Diogo Schelp adianta o conteúdo de um relatório com diretrizes para tratamento de pacientes com suspeita ou diagnóstico de covid-19 encomendado por Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, e que será submetido à aprovação oficial nesta semana. O documento não recomenda nenhum medicamento para uso de rotina contra a doença em seus estágios iniciais ou casos leves.
Na prática, o protocolo rejeita a existência de "tratamento precoce", hipótese defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante todo o período da pandemia e que se tornou um dos principais pilares da resposta do governo à crise sanitária que já matou quase 600 mil brasileiros.
O documento foi elaborado por um painel com mais de duas dezenas de especialistas ao longo de três meses, sob a supervisão da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde), do Ministério da Saúde, com base na análise criteriosa de estudos científicos e de diretrizes para tratamento de covid-19 divulgadas por órgãos oficiais de outros países e por sociedades científicas do Brasil e do exterior.
As recomendações são aplicáveis tanto para os serviços de saúde públicos quanto para os privados. O documento será submetido à aprovação do plenário da Conitec hoje e depois ficará disponível para consulta pública durante dez dias. Se o relatório for aprovado, será um reconhecimento oficial de que ainda não existe "tratamento precoce" para covid-19.
A partir daí, se não houver interferência política, o procedimento será o Ministério da Saúde recomendar aos médicos que não receitem esses medicamentos.