Os partidos do Centrão esperam a proliferação de um novo tipo de candidato nas eleições do ano que vem. É o "deputado Bolsolula", cuja base eleitoral se encontra sobretudo em estados do Nordeste. A análise é da colunista Thaís Oyama.
Segundo ela, esse deputado foi contemplado com as gordas emendas do relator e votou o tempo todo com o governo, mas na hora de fazer campanha vai apoiar o ex-presidente Lula, porque, na sua região, o petista dá votos e Bolsonaro tira.
E melhor ainda se, com essa manobra, ele conseguir se eleger, dado que tudo o que dirigentes de partido querem numa campanha é fazer deputados federais. É isso que define a fatia do fundo eleitoral a ser abocanhada pela sigla na eleição seguinte.
Esse raciocínio está na base da atual encrenca entre Bolsonaro e o PL, a sigla para onde o presidente havia dito ter 99,9% de chances de entrar e com a qual se desentendeu no final de semana.
Bolsonaro quer o comando do diretório paulista do PL e Valdemar Costa Neto, o dono da legenda, não aceita cedê-lo.
Para Valdemar, abrir mão de diretórios importantes pode fazer com que, no final, a porcentagem de bolsonaristas dentro do PL torne seu partido o "partido de Bolsonaro" — o que traria consequências nefastas ao cacique do Centrão, sendo a principal delas a impossibilidade de servir ao próximo governo no caso de ele ser comandado por Lula.