A primeira etapa da PEC dos Precatórios foi concluída. A Câmara aprovou ontem o texto em segundo turno, e agora o texto caminha para o Senado, onde também precisa de duas rodadas de aprovação. Na casa comandada por Rodrigo Pacheco, Jair Bolsonaro enfrenta mais resistência. Ainda assim, as perspectivas são relativamente positivas.
Não porque o projeto seja bom, mas porque a alternativa é pior. A PEC dos Precatórios fará uma manobra do Teto de Gastos (o limite de aumento das despesas públicas) de forma a liberar dinheiro para o programa de Bolsonaro à reeleição, o confuso e incerto Auxílio Brasil. Sem a PEC, o plano do governo era prorrogar o auxílio emergencial, que não tem amarras ao teto. Ou seja, abriria uma janela para gastos sem limites.
O fato é que mesmo sendo do jeito menos pior, com a PEC, essas goteiras abertas no teto não serão fáceis de remendar. Economistas tiveram dois dias de reuniões fechadas com o Banco Central, e disseram que o estrago é permanente. A Folha contou aqui o que foi discutido.
Na vida real, elevação de gastos e incerteza fiscal significam inflação e juros em alta. E então chegamos ao assunto do dia de hoje. Às 9h, o IBGE divulga a inflação acumulada de outubro. A economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitoria, mostrou em um tuíte como economistas estão com dificuldades de estimar a alta de preço. Dados da Bloomberg apontam para previsões que vão de 0,94% a 1,19%. Tirar a mediana disso, o ponto central de todas as estimativas, já não mostra exatamente um consenso do mercado. E ela arremata “qualquer número será uma surpresa”.
A inflação alta é uma dor de cabeça mundo afora, e vai continuar enquanto os preços do petróleo e outras matérias-primas continuarem subindo, e o fornecimento de chips e outros componentes para a indústria continuar errático. Nos EUA, os dados de inflação saem às 10h30.
Na Alemanha a inflação em 12 meses foi a 4,5%, o maior patamar desde 1993, mas dentro das estimativas do mercado.
Enquanto o mundo ainda vive esse chamado choque de oferta (quando os preços sobem porque houve uma interrupção na produção), o jeito é controlar a inflação com alta de juros. Por aqui, um membro do
Banco Central chegou a dizer que, se necessário, é possível que a Selic suba ainda mais rapidamente, com elevações acima de 1,5 ponto percentual.
Nos EUA, os juros só devem sair do zero no próximo ano. É isso que os investidores de lá vão passar o dia especulando. Por enquanto, começamos o dia no negativo lá fora. Afinal, até para continuar a bater recordes (caso americano) é preciso tomar um fôlego e respirar.