segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

LUCIANO ANDRADE ENTREVISTA GERALDO GÓES: Um olhar sobre o crescimento de Garanhuns

LUCIANO ANDRADE ENTREVISTA GERALDO GOES (ENGENHEIRO) FUNCIONÁRIO DA PREFEITURA DE GARANHUNS, SOBRE O CRESCIMENTO URBANO DE GARANHUNS NOS ÚLTIMOS ANOS.



Geraldo Goes é garanhunense?

Sim, e com orgulho. Nasci em 1953 à Rua Dr. Severiano Peixoto, conhecida antigamente como a “Rua do Cajueiro”. Sou filho do conhecido “Seu Goes” e de “Dona Nininha”, a qual nos deixou saudosamente há um ano.

Estudou, também, em Garanhuns?

Estudei no Colégio Evangélico XV de Novembro, do “primário” ao “científico”, como se classificavam as etapas escolares na época, incluindo o “Curso de Admissão”, este com a saudosa professora Noemi Gueiros. De família simples, tive o privilégio de estudar num dos melhores colégios particulares do Brasil nos anos 60. Graças aos esforços de meus pais e do favor da missão presbiteriana americana, materializados em uma bolsa no custeio das mensalidades. A manutenção da bolsa era condicionada ao bom desempenho do aluno em todas as matérias escolares sem exceção, para a qual nos dedicamos em mantê-la até a conclusão do curso científico em 1971.

Qual é a sua formação superior?

Como fruto de todos os esforços, e graças a Deus, sobretudo, eu fui aprovado no primeiro vestibular e imediatamente ingressei na Universidade Federal de Pernambuco, onde conclui o curso superior de Engenharia Civil em 1976. Portanto, há 36 anos.

Onde trabalhou depois de formado?

Inicialmente, em empresas de construção civil na região metropolitana do Recife, desde quando cursava o terceiro ano de engenharia. Naquela época, havia uma grande demanda por profissionais da engenharia civil, semelhantemente ao que acontece hoje. Depois, atuei na Bahia gerenciando em Salvador uma filial transitória da empresa, para a construção simultânea de duas agências do Banco do Brasil, retornando no final das obras para Pernambuco. Uma das últimas em Recife foi a construção de um conjunto de quatro edifícios de 16 pavimentos com 240 apartamentos, e de outro conjunto habitacional com 56 prédios e 896 apartamentos.

Como se deu o seu retorno definitivo a Garanhuns?

Após as citadas obras, mesmo morando na capital, fui destinado para iniciar construções na Nova Petrolândia. Passando frequentemente por aqui o sonho de atuar em Garanhuns tornou-se realidade, a partir de 1985. Mudamos de vez para cá - quando ainda não havia nascido nossa filha Veruska Cristina Maciel de Goes- eu e minha esposa Verônica Goes, Assistente Social bastante conhecida pelo seu abnegado trabalho no vasto CRAS Heliópolis.

E a sua trajetória na Prefeitura?

Assumi o cargo de Secretário de Obras em três períodos distintos, além de algumas diretorias técnicas. Mas, o relevante mesmo é que sou um servidor municipal dedicado, zeloso e defensor incondicional de Garanhuns, acima de qualquer interesse profissional ou pessoal.

Quais a s suas expectativas para a próxima gestão, a do prefeito eleito Izaías Régis?

As melhores possíveis para a gestão e para Garanhuns, firmado na frase que marcou as sua bem-sucedida campanha “É preciso acreditar”. Não somente como político e pessoa pública, mas é inerente ao próprio cidadão Izaías Régis a manifesta e impressionante disposição em tudo o que se propõe a fazer. A vontade é o princípio de todas as realizações. Certamente dela vai precisar nutrida constantemente por cada uma das realizações decorrentes; Os desafios são intermináveis, pois Garanhuns é um município de gerenciamento laborioso e de manutenção muito, muito dispendiosa.

Mas, quanto a sua pessoa no contexto da nova administração?

Na atual administração não tive e nem não tenho cargo comissionado ou gratificado de qualquer natureza, mesmo sendo responsável pelo setor que analisa projetos para licenciamento, dentre outras atividades técnicas e de atendimento ao público. Já disse anteriormente: sou um servidor municipal, engenheiro civil da Prefeitura de Garanhuns. Há 27 anos, apraz-me mesmo é ser dedicado às gestões e a Garanhuns, sempre!

Por falar nisso, como explica algumas críticas sobre a morosidade nos licenciamentos?

As críticas abalizadas são ensinamentos que geram frutos prontos, já amadurecidos. É só usufruir deles. Costumo dizer aos que colaboram comigo no trabalho que um dia bom é aquele no qual aprendemos alguma coisa. Aperfeiçoamo-nos ao considerar as críticas. Infrutíferas são, porém, as agressividades. Existem várias causas para a delonga em alguns licenciamentos. Reconheço que há causas conjunturais, próprias da estrutura débil perante uma demanda crescente dos requerimentos. Outras, e são muitas, por deficiência de conteúdo dos documentos submetidos aos licenciamentos sobre vários aspectos.

Em sua opinião, teria como aprimorar o atendimento?

Sim, muito. Não faltam ideias, conhecimento, experiência e nem dedicação para isso, porém uma profunda alteração no sistema. Há algum tempo montamos um organograma e detalhamentos para a implantação de um órgão municipal exclusivo para licenciamentos, fiscalização e assistência técnica. Desenvolvemos, também, um alicerce para produzir licenciamentos “on line” (via internet), na qual os processos poderiam ser deferidos em menos de uma semana. Por outro lado, faltam-nos muitos dispositivos legais aplicáveis aos diversos licenciamentos; um código de obras e urbanismos; um plano diretor atualizado e congruente com a realidade do município; o aparelhamento técnico, capacitação, etc. Apenas um lembrete: o nosso Código de Posturas é de 1969.

E por que não foram implantadas as rotinas citadas para celeridade dos deferimentos?

Parte deste material está com assessores da atual gestão. Necessita da formatação jurídica para serem aplicados, além de outras providências administrativas. No entanto, devo dizer, a semente foi lançada. Mesmo assim, com tenacidade obtivemos um local mais confortável para atendimento ao público e um setor implantado pioneiramente de forma técnica, para o qual a prefeitura disponibilizou estudantes do curso superior de Arquitetura, Direito e Engenharia e uma profissional formada em Arquitetura e Urbanismo.

O prefeito Izaías Régis tem conhecimento destas ideias para acelerar os atendimentos?

Acredito que ainda não. Se for procurado por ele ou pela equipe de transição, terei a oportunidade de expor todo material disponível.

Quais são as maiores dificuldades internas do setor?

Como disse é estrutural. O aquecimento da construção civil tem elevado a demanda por licenciamentos e, na mesma direção, o aumento dos salários de engenheiros e arquitetos. Assim, não é fácil contratar ou manter tais profissionais nas Prefeituras. Em um ano o nosso setor perdeu duas arquitetas, um estagiário de engenharia e dois outros de arquitetura, por questões preponderantemente salariais.

E o Plano Diretor em que ajudou e em que prejudicou?

Não participei da elaboração do Plano Diretor vigente. No entanto, o recebi como instrumento balizador dos licenciamentos a partir de 31 de dezembro de 2008. Recentemente, porém, apresentei por escrito muitas sugestões para a revisão, incluindo a “flexibilização” de alguns parâmetros; uma fórmula para a verticalização (para a construção de prédios com vários andares) em função da largura do logradouro e do afastamento predial; diretrizes práticas para projeto de loteamentos, inclusive os fechados, etc. Todas as sugestões baseiam-se no contato diário que tenho com as pessoas comuns, com projetistas Arquitetos e Engenheiros, Empreendedores, Corretores de Imóveis, Construtores, etc., que externam suas mais diversas dificuldades em função de aspectos da legislação em vigor. Vale lembrar que o Plano Diretor é uma lei municipal (a de n° 3.620/2008), participativa, que foi submetida à audiência pública; foi aprovada pela câmara e sancionada pelo executivo municipal e, enquanto estiver em vigor presume-se que é para ser cumprida, pelos servidores municipais e pelos cidadãos. Infelizmente, alguns confundem a pessoa ou o profissional com a natureza do ofício que cabe ao servidor público, e descarregam avaliações pessoais improcedentes e grosseiras pela falta visível desse discernimento. Urge, contudo, a revisão do plano diretor e a criação de vários outros dispositivos legais complementares, aos quais já nos referimos anteriormente, essenciais ao projetista, ao empreendedor e ao gestor público. Para tanto, importa construir e manter um bom e permanente vínculo com a próxima Câmara de Vereadores.

Mesmo assim, aceitaria algum cargo?

O prefeito eleito Izaías Régis dispõe de muitos e bons profissionais. Hoje há uma plêiade de excelentes engenheiros, arquitetos e professores universitários em todas as áreas. Não faltam boas opções. Além disso, tenho a opinião pessoal de que cargos para servidores de carreira às vezes não geram boas consequências. Inserem-se de certa forma atributos temporários que podem afetar o comportamento no futuro retorno às funções de rotina, até na convivência salutar com os que antes eram por ele chefiados.

Como funcionário experiente, teria um conselho para o Prefeito Izaias Régis e para a nova equipe.

O Senhor Izaías Régis está extremamente apurado pela sua ativa desenvoltura política em três mandatos bem sucedidos no legislativo estadual. Desejamos sinceramente que todas as coisas contribuam para que o futuro Prefeito e a sua equipe realizem um governo profícuo. Tão somente destaco que equilibrem habilmente ação e resignação, especialmente no início desta nova trajetória, quando expectativas exacerbadas de certas pessoas geram cobranças desmedidas indutoras de soluções intempestivas, nutriente das críticas futuras que delas mesmas advirão. E, anelar sempre por sabedoria como fez o Rei Salomão ao assumir o reinado: “Deus dá-me, pois, agora, sabedoria e conhecimento, para que eu possa sair e entrar perante este povo”.

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