sexta-feira, 23 de agosto de 2013

ARTIGO: Clamor das ruas: Motivos para protestar. E quem protestou? - Por Cleber Ferreira



Primavera Brasileira. Despertar do Povo. Seja qual for o título que se dêem as manifestações populares ocorridas no último mês de junho a verdade é que o povo saiu às ruas para protestar e demonstrar sua insatisfação com o status quo. Após dois meses das manifestações, os acadêmicos, os estudiosos, os jornalistas e o povo em geral ainda estão a discutir o que ocasionou? Quem? o quê? E ainda vão discutir por um longo período até que as idéias fiquem mais claras. O que se pretende com este artigo é justamente por mais lenha na fogueira desta discussão. 

Os intérpretes do povo brasileiro sempre nos descrevem como um povo pacífico. E parecem estarem certos. Basta observarmos a história brasileira dos últimos anos 30 anos, tivemos apenas três grandes manifestações: as Diretas Já! Os caras pintadas de Collor e por último as manifestações de junho. Isto tudo apesar de toda corrupção da classe política, da má qualidade do serviço público e etc. Razões para protestar não faltam. Agora o que ocorreu nos últimos anos que levaram a ter novas manifestações grandes, quem foram os autores e o por que tomou grandes proporções e atingiram o Brasil inteiro?

A grande motivação, pelo menos ao meu ver, não foi outro se não a má qualidade do serviço público, visto que não temos os serviços básicos, não temos saúde, educação, segurança pública, transporte urbano e etc. Resumindo o serviço público no Brasil é uma piada, com todo respeito aos servidores públicos. Não se precisa falar muito do que todos têm conhecimento. Neste caldo de serviços falidos, coloque uma pitada de uma carga tributária altíssima, beirando aos 40% de tudo o que é produzido no país. Os dados dizem que quatro meses do ano o trabalhador brasileiro labora apenas para pagar impostos. Assim, tem-se uma carga tributária altíssima para uma contraprestação péssima.

Por outro lado, tem-se uma classe política que não representa os cidadãos, até por que os políticos, geralmente, compram seus mandatos. E aqui reside a culpa do povo, por não escolher os melhores candidatos ou por votar em razão de favores, amizade ou etc. Também contribui a não existência de partidos políticos fortes, não se tem ideologia, não se tem ideias que identifiquem este ou aquele partido político, estão mais para uma salada de letras do que partidos políticos no seu sentido literal, salvo raríssimas exceções. Por fim, a verdade é que os políticos só estão preocupados com as próximas eleições e garantir a reeleição e para isso precisam de dinheiro para bancar as suas campanhas políticas e comprar votos, seja com dinheiro ou com favores. Neste sentido, há uma simbiose de culpa de eleitor e eleito. Termina que ao final das contas contribui para uma insatisfação com a classe política.

Em tese, tendo respondido o que motivou as manifestações, cabe indagar quem saiu às ruas. E aí me parece bem claro. A classe média e os estudantes. Até por que estas são as duas classes sociais mais prejudicadas. A classe média é quem mais sofre com a carga tributária altíssima e praticamente não faz uso dos serviços públicos e não o fazem em razão de não serem bons. A quem se encaixa nesta classe social, faça algumas perguntas. Usa o serviço médico do governo? Estuda na escola pública? É claro que quem tem condições financeiras não vai para hospital público e não estuda na escola pública. É lógico. No entanto, é quem mais sofre com o pagamento de tributos.

Nesta visão, contribui outro fator, a questão do crescimento econômico do país nos últimos anos com a inclusão da classe “C” no mercado de consumo e trabalho. Em uma linguagem direta: o pobre está melhorando de vida e quer exigir por melhores serviços públicos. Está comendo carne, tipo picanha, e não tem dinheiro para o plano de saúde e não quer utilizar o hospital público da forma como está e acredita ser justo, em razão da alta carga tributária brasileira, ter um serviço público de qualidade.

A verdade é que as questões são mais complexas para poderem ser discutidas e explicadas em poucas palavras, não abordamos, por exemplo, a contribuição das redes sociais, a falta de liderança do movimento, os resultados práticos que ocorreram, o que mudou ou vai mudar depois de junho de 2013 no país e etc. 


CLEBER FERREIRA SILVA, graduado em história (UPE) e direito (FDG), pós-graduado em história (UPE) e pós-graduando em gestão pública (AESGA).

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