Em 2010, tínhamos no final do primeiro turno uma situação parecida com 2014. Dilma na frente no primeiro turno. Serra teve 33%. Marina ficou em terceiro e não apoiou ninguém no segundo turno.
40% - 30% - 20% - E outras candidaturas que somadas chegam a 2%.
As novas pesquisas mostram uma recuperação de Dilma, fazendo ela voltar à esta faixa dos 40%. Isto equilibra a eleição, pois há uma máxima que governante abaixo de 34% de aprovação e intenção de voto não se reelege. Assim, com 10 pontos na frente de Marina no primeiro turno, deixa aberto o segundo, como já mostraram as pesquisas, apontando o empate.
No segundo turno as condições se igualam, e Marina terá o mesmo tempo de televisão que Dilma (10 minutos no guia). Atualmente, a presidente tem 11 minutos e meio, contra pouco mais de dois minutos de Marina. Dilma tem usado este tempo para desconstruir Marina, com acusações de todo tipo, e Marina tem pouco tempo para se defender. Além disso, Dilma tem espalhadas na programação das TV, quase 40 inserções diárias. Marina tem pouco mais de dez. Estas propagandas entram nas novelas, filmes e jogos de futebol, e têm um efeito, por vezes, mais impactante que o próprio guia eleitoral. Pega o eleitor desavisado.
No segundo turno, tudo se iguala. E nele, para onde migrariam os votos de Aécio?
É claro que os institutos já fazem a simulação, perguntando em quem o eleitor votaria se fosse Dilma versus Marina. Fazem até outras. Mas não perguntam diretamente somente ao eleitor de um determinado candidato, em quem eles votariam se o seu candidato não estivesse lá, e se apoiasse fulano ou beltrano.
Há esta questão pertinente do direcionamento, o apoio em um eventual segundo turno. Marina em 2010 preferiu não indicar. Não apoiou ninguém e foi pra casa. Ficou fácil para Dilma no téte-a-téte com Serra. Aécio faria isso? Ou sua vontade de ver o PT fora do poder é maior que as eventuais diferenças que possa ter com Marina? Acho que Aécio e todo o PSDB vai pro palanque socialista que tinha Eduardo Campos como principal interlocutor. Se decidir por Marina, tem poder para levar grande parte dos seus votos para um mesmo lado. Claro que ninguém tem 100% de quem vota no seu nome, mas tem a maioria. Conta o fato de ser oposição, e geralmente quem vota contra o governo, busca outro candidato da oposição. É a lógica.
Esses 20% de Aécio definem a eleição, principalmente porque estão concentrados no sudeste, principal centro demográfico do país. Isto conta a favor de Marina. Ela já deu um indicativo nesta terça-feira, quando fez elogios a Geraldo Alckmin, governador de São Paulo. Antes não subia no palanque, mas agora já viu a importância de contar com o apoio se quiser ser presidente. Eduardo já sabia disso desde sempre.
Visualizando este cenário, Dilma e seus aliados sonham com uma eleição que acabe no primeiro turno, sem o desgaste do segundo, e sem ter que ver seus adversários formando um palanque único contra o governo petista. Com Minas e São Paulo nesta direção, seria desastroso. Alckmin caminha para ganhar com folga sua reeleição, colocando quase o dobro dos votos dos seus adversários somados (49% a 28%, de todos eles).
Fico com a impressão que os eleitores de Aécio não votam em Dilma, assim como os de Lula não votam em Aécio. E é aí que reside o principal obstáculo à reeleição da presidente.
No comitê petista a ordem é continuar o ataque, para que o distanciamento seja maior, e possibilite um desgaste de Marina, que se não proporcionar a vitória no primeiro turno, torne mais fácil a vida no segundo.
No comitê petista a ordem é continuar o ataque, para que o distanciamento seja maior, e possibilite um desgaste de Marina, que se não proporcionar a vitória no primeiro turno, torne mais fácil a vida no segundo.