segunda-feira, 20 de outubro de 2014

PAULO CAMELO: Nem o passado como era, nem o presente como está!


Paulo Camelo - PSOL Garanhuns
Estamos diante de um falso dilema entre à Direita Autêntica, ora representada pelo candidato a Presidente, Aécio Neves, do PSDB, e a Falsa Esquerda, ora representada pela candidata a Presidente, Dilma Rousseff, do PT. 

A campanha pelo voto útil em Dilma Rousseff, aumenta de intensidade sobre os militantes e eleitores da esquerda anti-capitalista. Sob pressão de uma vitória eleitoral incerta, a direção do PT assumiu um discurso apelativo no melhor estilo da Direita Juramentada.

Nas relações interpessoais a ingenuidade é uma forma de desafogar o estresse e levar a vida com mais leveza. Mas, na política a ingenuidade é fatal. Em Garanhuns, a ingenuidade de parcela considerável dos eleitores, os leva a sempre votarem na Legião Estrangeira, perdendo representação política nos parlamentos estadual e federal, como também no governo municipal. 

NÃO É VERDADE QUE A ÚNICA FORMA DE LUTAR CONTRA AÉCIO E O PSDB, É VOTANDO EM DILMA, DO PT.

Dilma não corre o risco de ser derrotada pela posição de anulação do voto da oposição de esquerda. Dilma corre o risco de ser derrotada por si mesma, ou melhor, pelo que fez, e por aquilo que o PT não fez nos últimos doze anos.

Não nos enganemos. A verdade nua e crua é que há vários pontos em comum nos Programas de Dilma, do PT, e de Aécio, do PSDB. As políticas sociais compensatórias, as quais foram iniciadas no governo FHC, do PSDB, através do Programa Comunidade Solidária (Bolsa Escola; Vale Gás; etc), foram aprimoradas no governo do PT através da Bolsa Família. Considerando o enorme lucro dos Bancos no governo do PT, comenta-se popularmente a criação, não oficial, da “Bolsa Banqueiro”. 

Não é a toa que os juros estão alto e que há indicativo de aplicação de medidas de ajuste fiscal para combater a inflação, com redução de gastos e superávit fiscal ainda maior. 

O alarmismo disparado pelo PT, tenta nos fazer acreditar que Aécio seria do mal, Dilma seria do bem. Aí de nós, se não votarmos no mal menor. Essa campanha de dramatização é despolitizante. O apelo emocional ao voto útil é muito eficaz, mas diminui o significado da disputa política. Na Democracia Burguesa, sempre assistimos a este espetáculo bizarro, cuidadosamente encenado pelos atores da Burguesia, PT e PSDB, em que se cria um clima político irracional, em que a esquerda é convidada a regredir a uma infantilização política. Portanto, a encenação procura transformar a disputa eleitoral como se fosse um “Pastoril”, ou seja, numa disputa entre o cordão azul e o vermelho, para animar a população. 

O normal seria o PSDB de Aécio, fazer da dramatização sua arma política, mas o que assistimos é o contrário, ou seja, o PT, de Dilma, outrora de esquerda, fazer toda essa dramatização e despolitização. 

Aécio, não é um candidato comprometido com a transformação da sociedade brasileira. Mas, o PT, também não faz por onde representar essa transformação por uma Sociedade mais Justa, Igualitária e Socialista. 

O segundo turno é um aprendizado. É preciso saber lutar e diagnosticar a conjuntura política nacional. A crítica deve ser política, demonstrando quais são os interesses de classe que Aécio e Dilma, defendem. Ambos são porta-vozes das reivindicações do capital: por isso a exigência de menos impostos e o silêncio diante da proposta de taxação das grandes fortunas. O PT e o PSDB, governam em colaboração com as Classes Dominantes do país. 

Nesses últimos doze anos, o PT que outrora defendia os interesses dos trabalhadores, foi mais eficaz na defesa do Capital, do que o próprio PSDB. Esse foi o papel lamentável dos governos liderados pelo PT nos últimos doze anos. Por isso Lula se transformou em uma coqueluche mundial e recebeu o apoio dos governos mais reacionários do planeta. Porque foi o governo que garantiu a estabilidade social no país que foi, nos anos oitenta, o campeão mundial de horas de greve.

Não podemos cometer o erro de escolhermos o carrasco menos cruel, ora imposto pela Democracia Burguesa. 

Eleitoralmente, as massas se mobilizam no terreno das ilusões. Por isso o voto em Lula em 1989, e em 2002, tinha uma função de aprendizado e de dialogar com a população no terreno das ilusões. Mas, agora a ilusão passou, porque o PT não rompeu com o programa neoliberal de ajuste dos governos de Fernando Henrique Cardoso.

Depois de doze anos, nossa responsabilidade nos impede de votar novamente no PT. Afinal, o PT é aliado de carteirinha de Renan, Maluf e Sarney. Afinal, o capitalismo brasileiro não tem porque temer o PT.

Esta eleição não é uma disputa entre o capital e o trabalho. São dois projetos idênticos de gestão do capitalismo, os quais um será vencedor em 26 de outubro de 2014.

O papel dos socialistas é combater a perigosa ilusão de que é possível regular o capitalismo. A história vem demonstrando de maneira trágica que não é possível. Os mercados não aceitam ser limitados pela via da negociação.

A população de esquerda que decidir votar em Dilma, mesmo que na forma de voto crítico, para derrotar Aécio, deve se perguntar como vai se sentir quando for anunciado o primeiro pacote de ajuste fiscal em 2015. Vai se arrepender e, infelizmente, ficar frustrado. A frustração tem um custo alto para a esquerda. Portanto:

NEM O PASSADO COMO ERA, NEM O PRESENTE COMO ESTÁ.  SÓ A LUTA NOS LEVA AS CONQUISTAS.
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Paulo Camelo - Engenheiro e presidente do PSOL em Garanhuns

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