Desenvolvimento com avanço da construção civil,
ou manutenção da qualidade de vida com investimentos na urbanização horizontal?
Bons argumentos para fazer você pensar!
Sempre levamos muitos de nossos posts para o facebook, onde os comentários são livres e não temos o problema do anonimato, que na maioria das vezes é instrumento para se atacar as pessoas. Lá, acabamos proporcionando uma interatividade como a que aconteceu com a informação sobre a "Outorga Onerosa", forma que a prefeitura encontrou para driblar o engessado Plano Diretor e autorizar a construção de prédios em algumas áreas de Garanhuns.
Klébia |
Interessante que gerou divisões de opiniões, com pessoas de boas formações culturais.
A princípio, o publicitário Mateus Alves e a professora Klébia Sampaio definiram seus sentimentos com poucas palavras: "Uma pena", e "Que Triste!". Respectivamente.
Antônio Aristóteles, arquiteto, insinuou que era uma medida para proporcionar aumento de arrecadação da prefeitura. E Álvaro Lucard, produtor cultural, reclamou da construção dos espigões.
Aurellius |
Por outro lado, Luciano Rodrigues, nosso leitor da Petrobras, afirmou que a medida deve quebrar as imobiliárias, enquanto que Aurellius Mello, jornalista que trabalha em TV em Maceió, escreveu, defendendo o projeto: "Finalmente uma medida para acabar com o absurdo inserido no Plano Diretor de limitação do gabarito dos prédios... A mudança abre um bom caminho para o desenvolvimento do município, através do setor da construção civil que tem sido uma das principais atividades econômicas que mais geram emprego no Pais... A decisão chega tarde... Perdemos excelentes oportunidades, mas ainda é possível recuperar alguns dos projetos que quase iam ser engavetados..."
Aí o debate ganhou ainda mais argumentos..
Elias |
Nosso amigo Elias Mouret, produtor cultural, que trabalha na Fundarpe, criticou a iniciativa: "Verticalizaçao não é desenvolvimento em lugar nenhum. Na verdade é um mergulho nos diversos erros cometidos pelas metrópoles brasileiras e do terceiro mundo, e que hj pagam um preço alto por isso. Garanhuns adotando este modelo de prédios e mais prédios, e carros e mais carros, terá a aparência de modernidade que alguns gostam e todos os problemas que ficam para a maioria.
Há um forte questionamento sobre este tipo de desenvolvimento acontecendo hoje pelo país, e Pernambuco através do OcupeEstelita, encabeça estes questionamentos e uma luta por uma cidade mais justa. É triste ver Garanhuns com sua megalomania ir por este caminho. Estive na cidade estes dias e percebi claramente o quanto o modelo carro, asfalto e concreto tem acabado com o microclima da cidade, um atrativo importante, que tem se transformado em clima de deserto... Quente e seco durante o dia com queda brusca de temperatura durante a noite. A cidade está praticamente desarborizada e sem cinturão verde.
Também não se constroem praças e parques e áreas de convivência social há décadas na cidade. É um engano pensar tb que a construção de espigões melhora o acesso à moradia, eles não são pensados para isso. Muitos dos apartamentos ficam vazios e servem para mais especulação imobiliária. As grandes cidades brasileiras têm milhares de apartamentos fechados. Também há sérios problemas em relação a casas e bens imóveis históricos que quase sempre são destruídos ou esmagados em sua escala por estes prédios gigantes que não dialogam com coisa alguma... E nem vou me ater muito á breguice dos mesmos com suas pastilhas de banheiro. E como desabafo, sinto uma tristeza imensa ao passar na Avenida Santo Antônio e me lembrar daquelas casinhas lindas e ver no seu lugar aquele galpão das lojas americanas...e se eu falar no Castelinho então? Sim quero que a cidade se desenvolva mas não à custa de si mesma."
Audálio |
Audálio Ramos Filho, presidente da Câmara, fez a defesa da verticalização: "O projeto restringe a verticalização nas áreas de importância geográfica, como as colinas, áreas de preservação, nascentes, enfim um projeto sintonizado com o crescimento sustentável, por mais paradoxal que seja, mas é a tendência, melhor regulamentar do que vermos construções irregulares como um prédio ao lado do Monte Sinai, tirando a beleza da vista natural..."
Igor |
Igor Cardoso, que também é fundador do Instituto Histórico, Geográfico e Cultural do município, a exemplo de Elias, Audálio e este blogueiro, aprofundou a crítica: "Aí eu leio uma desgraceira dessas e lembro do esforço que Ruber van der Linden e toda aquela geração brilhante dos anos 1920-1940 teve para nos legar essa cidade modelo que ainda é Garanhuns, com dois parques, praças aos montes e a intervalos quase regulares, avenidas arborizadas e com amplas calçadas, um bairro residencial planejado e democrático, onde se veem mansões e casas populares, como Heliópolis, enfim, uma cidade horizontalizada e humanizada, constituindo um convite constante à circulação e à vivência do espaço público, ainda livre desses trambolhos desproporcionais que só enfeiam a paisagem, lotam nossas ladeirosas ruas de carros, retiram de muitos (as vistas, por exemplo) para beneficiar pouquíssimos e, se rendem dividendos, é para ainda menos bolsos. Trambolhos que só podem significar progresso - ah, progresso, que preço temos pago em prol dessa palavra! - em mentes alienadas e megalomaníacas. Aí eu leio uma desgraceira dessas e penso no esforço em vão daqueles homens, que pensaram no futuro dos seus e também nos nossos, e no que nós estamos fazendo para, pouco a pouco, acabar com tudo, do Castelinho às Colinas, do patrimônio histórico ao paisagístico, legando um caos urbano para nossos descendentes. Triste.
Sem falar na impressão de que todo o discurso de que "isso é pelo bem, pelo progresso, vai ser feito da melhor forma" só esconde uma nua e crua verdade: os capitalistas, ávidos por dinheiro (ou seja, foda-se a coletividade), pressionam, e o Poder Público, cedendo às pressões, e principalmente para fazer caixa, vende a cidade, entrega-a de mão beijada."
Moacir |
Para verem o nível do debate, chegou ainda o odontólogo Moacir Japearson, e concluiu: "O mundo moderno e civilizado anda ao contrário: cada vez mais se limita tamanho pelo tamanho. Pra ser grande é preciso ser funcional. Mesmo que vejamos em várias cidades do mundo uma concorrência pra se fazer o prédio mais alto, esses espigões estão inseridos em áreas de alta densidade demográfica e sem terrenos para expansão. Talvez achar que prédios representem a civilidade é o mesmo que achar que mais carros nas ruas também a represente. A quem vai interessar tais prédios? Quem poderá comprar tais apartamentos? O espaço urbano hoje está tão raro quanto água em algumas cidades. A minha ainda é uma privilegiada nesse sentido. Precisamos pensar isso. Há muitos anos atrás, mais de dez anos certamente , numa prosa com Audálio Ramos Filho, falei da necessidade de um plano urbanístico pra cidade. Moro numa das cidades mais lindas do mundo, mas estão conseguindo enfeáa-la sem o menor dos pudores. Acredito que há que se regulamentar, mas não sei se prédios altíssimos sejam necessários e fundamentais . A um tempo: não sou arquiteto, nem urbanista. Talvez o fosse, porque acredito piamente que toda cidade deveria ter ao menos uns cinco fazendo parte do quadro de funcionários públicos."
Para finalizar o Rariel Almeida compartilha nossa informação e comenta: "Já estava mais do que na hora!!! Alguns criticam a construção de edifícios em nossa cidade, porém se pararmos para analisar veremos que está havendo uma devastação ambiental em algumas partes da cidade e está surgindo no lugar da natureza que antes havia, novos condomínios fechados, com valores exorbitantes... Ao meu ver com a construção de grandes edifícios além da degradação de certa forma causar menor impacto ambiental, haverá novas indústrias de construção civil, o que gerará mais empregos e acabará com o "monopólio" de algumas imobiliárias de Garanhuns!"
Rariel |
E você, qual sua opinião??
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