Especial para o Blog do Ronaldo Cesar
As manifestações são detalhes. A avaliação da administração da presidente Dilma Rousseff e as expectativas dos eleitores para com a economia são os indicadores principais. O instituto Datafolha realizou pesquisa entre os participantes das manifestações do dia 15 de março na cidade de São Paulo. A pesquisa revelou que 82% dos manifestantes votaram em Aécio Neves no segundo turno e 68% têm renda superior a cinco salários mínimos.
Pesquisas dos Institutos Maurício de Nassau (IPMN) e Instituto MDA realizadas entre os eleitores brasileiros após as manifestações mostram que a gestão da presidente Dilma Rousseff tem índice de reprovação acima de 64% em todas as regiões do Brasil – Aprova versus Desaprova. No Nordeste, de acordo com o IPMN, região caracterizada pela força dolulismo, e onde Dilma obteve excelentes votações nas disputas presidenciais, a reprovação do seu governo é de 64%. Na região Norte, o governo de Dilma Rousseff é reprovado por 68% dos sufragistas – IPMN.
Considerando as pesquisas do IPMN e da MDA, constato que a administração da presidente Dilma Rousseff é reprovada em todos os segmentos econômicos. Destaco, entretanto, que entre os sufragistas que possuem renda entre 2 a 5 salários mínimos, a reprovação da presidente é de 71% - IPMN. Neste segmento estão os eleitores que tiveram mobilidade social nas eras Lula e Dilma. Portanto, estes sufragistas contribuíram fortemente para o sucesso eleitoral de Dilma Rousseff nas eleições de 2010 e 2014.
As expectativas econômicas dos eleitores se caracterizam pelo sentimento de pessimismo. De acordo com a pesquisa do Datafolha realizada entre os eleitores brasileiros após as manifestações do dia 15 de março, 60% dos sufragistas consideram que a situação econômica do Brasil irá piorar. Quando questionados sobre a inflação, a qual representa o dia a dia do eleitor, já que ele, geralmente, gasta recursos financeiros cotidianamente, 77% afirmam que ela irá aumentar. Então, o pessimismo com a inflação condiciona o pessimismo com a situação econômica do país.
O debate em torno do perfil dos participantes das manifestações é relevante. Porém, não contribui para explicar a realidade do governo Dilma Rousseff entre os eleitores. Ao contrário dos índices de reprovação do governo Dilma e as expectativas pessimistas dos sufragistas para com a economia. As manifestações representam uma parte da crise do governo Dilma entre os sufragistas. A desaprovação do seu governo e o pessimismo dos eleitores para com a economia representam as partes mais robustas e preocupantes do todo.
Artigo de Adriano Oliveira, Doutor em Ciência Política. Professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Sócio-cotista da Cenário Inteligência. Autor de vários artigos e livros sobre o comportamento do eleitor brasileiro