Esta semana será decisiva para a dinâmica da política brasileira. A divulgação da lista dos políticos que estão e continuarão a ser investigados em decorrência da Operação Lava Jato poderá trazer mudanças nas visões de mundo dos políticos e empresários e reforçar a percepção negativa que os eleitores têm dos políticos. Porém, é importante considerar também que a Operação Lava Jato poderá trazer tranquilidade para o governo Dilma entre os eleitores e no Parlamento.
Caso a lista a ser divulgada pelo Ministério Público Federal contenha políticos de diversas agremiações partidárias, inclusive do PSDB, a CPI da Petrobrás será enfraquecida, e os parlamentares poderão ter receio em pressionar Dilma Rousseff, já que a imagem negativa do Congresso Nacional será reforçada entre os eleitores. Não é desprezível considerar que a relação entre Dilma e o Parlamento seja facilitada em virtude do enfraquecimento da imagem dos parlamentares perante a opinião pública.
O enfraquecimento da CPI da Petrobrás em razão da divulgação da lista da Operação Lava Jato também favorecerá a governabilidade da presidente Dilma Rousseff. Portanto, a Operação Lava Jato e a esperada lista dos envolvidos são variáveis independentes que fortalecerão o governo Dilma no Parlamento – Cenário 1. Caso não fortaleça de imediato, dará condições a ela de, junto com a recuperação econômica do país, caso venha a ocorrer, pavimentar, com mais ação política, o apaziguamento da sua relação com o Parlamento e a recuperação da sua popularidade – Cenário 2.
Porém, existe outro cenário (Cenário 3): a presença na lista da Operação Lava Jato de alguém próximo ao governo Dilma. Com isto, a tese do impedimento do governo Dilma Rousseff poderá ganhar força. Contudo, tal cenário, diante das informações até o instante, apresenta-se remoto.
A lista advinda da Operação Lava Jato não enfraquecerá as manifestações programadas para o dia 15 de março. Porém, fortalecerá a segmentação dos reclames dos manifestantes. Ou seja, os manifestantes irão às ruas reclamar do governo Dilma, do Parlamento, dos políticos e dos gestores que estão à frente da administração pública, por exemplo, prefeitos.
Embora partidos de oposição e diversos analistas prevejam que a Operação Lava Jato trará o fim precoce do governo Dilma e do PT, observo que tal prognóstico é equivocado. A Operação Lava Jato colocará todos os partidos em um mesmo nível de reconhecimento por parte da opinião pública. Com isto, a opinião pública não saberá diferenciar o insucesso inicial do governo Dilma e os problemas presentes em seu contexto social. Não saberá diferenciar, no âmbito da corrupção, qual é a agremiação partidária mais corrupta.

Os desejos de mudança, independente da avaliação do prefeito, podem estar presentes na visão de mundo dos eleitores – hipótese. Diante da tal possibilidade, prefeitos, candidatos à reeleição, devem monitorar os sentimentos dos eleitores. Lembro que os desejos de mudança podem favorecer os candidatos da oposição.
Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE. Sócio da Cenário Inteligência. Autor de variados artigos e livros sobre comportamento do eleitor. Dentre os quais: Eleições não são para principiantes – Interpretando eventos eleitorais no Brasil, Editora Juruá, 2014.