É natural que um vice, qualquer que seja a empresa ou degrau da administração pública, ambicione ser presidente. Faz parte do processo, devido a proximidade com o poder, o aprendizado e o desejo de progredir. Aliás, desconfie de qualquer um que não deseje.
A diferença é como se deve galgar este último degrau, dentro de padrões éticos, e no caso do serviço público, democrático.
A presidente Dilma desconfiou que Michel Temer estava tramando sua derrubada, ele e o PMDB. O vice reclamou em carta aberta desta desconfiança, mas o fato é que não tem agido para impedir o afastamento da titular, que está toda enrolada na Câmara, no TCU, no TSE e no STF.
O próprio Temer afirmou que cumpriria sua função constitucional de vice, ou seja, não se envolveria no processo político desgastante, até porque a faixa presidencial poderia cair no seu colo.
Dilma foi aconselhada que não deveria cair na lábia de Michel Temer, que aliás, é poderosa, basta ver a miss que conquistou. O rompimento público jogaria definitivamente o vice e todo o PMDB, desta vez unido, no lado da oposição, e o impeachment seria certo!
Assim, Dilma chamou Temer para uma conversa. Lembrou a ele que sem ela e o PT ele não estaria no Palácio Jaburu, e esperava dele, ao menos, neutralidade. Não esperaria ter que duelar dentro de casa, quando tem todo o Congresso que precisa reverter a situação.
Assim, provavelmente, deve ter cunhado o célebre conselho que todos nós escutamos ao menos uma vez na vida: "Muito ajuda quem não atrapalha!".
Michel Temer continua sonhando com a presidência, mas não vai mais se pronunciar abertamente e nem (provavelmente) articulará pela derrubada de Dilma.
Ela acreditou nisto. Senadores tratam Temer como futuro presidente e ele pensa na montagem de um possível futuro governo. Mas sem atrapalhar a titular, que precisará se defender em diversas instâncias para continuar no cargo até 2018.