O Brasil só permite uma reeleição, mas está dando à presidente Dilma Rousseff uma chance para um terceiro mandato, depois de dois governos. O primeiro durou quatro anos, e foi, em tese, de continuidade do Governo Lula. O segundo aconteceu neste ano de 2015. E o mundo caiu. As pedaladas fiscais, usadas nos últimos anos para maquiar o orçamento, mostraram que o Brasil estava se endividando rapidamente, gastando muito mais que arrecadava, perdendo o equilíbrio econômico conquistado nas últimas duas décadas.
Neste segundo mandato, para buscar o reequilíbrio, Dilma precisou de medidas duras na economia, mas perdeu apoio político do Congresso Nacional e, pior, devido ao mar de rosas pintado na campanha da reeleição, perdeu vertiginosamente apoio popular.
A tese do Impeachment ganhou força, e a presidente viu a abertura do processo quando o corrupto Eduardo Cunha aceitou um dos mais de 20 pedidos. O governo parece ter somente 1/3 dos deputados, vivendo uma situação de risco iminente.
Mas o lado governista do STF deu um jeito de dificultar o afastamento da presidente. Desfez decisões da Câmara, como a Comissão que analisaria o impeachment, e aumentou os poderes do senado, onde o (até agora) confiável Renan Calheiros manda e desmanda.
O Impeachment ficou mais distante, e para muitos cronistas políticos, descartado.
Assim Dilma pode pensar em governar. E é isto que vai tentar fazer.
O primeiro passo que aponta para um novo momento é a mudança do Ministro da Economia. Sai Joaquim Levy e entra Nelson Barbosa, que estava na pasta de Planejamento. Na prática, demitiram o centroavante e avançaram um meia para a posição. Mudança dentro do próprio time, mas com perfis diferentes. Joaquim Levy representava o mundo do capital. Barbosa é mais próximo do PT, aliás, o partido da presidente nunca engoliu Levy, fazendo oposição franca à política econômica.
Com as mudanças no rito que poderia levar ao seu afastamento e a mudança nas rédeas da economia, Dilma ganha outra oportunidade, com mais tempo. 2016 será o primeiro ano do terceiro governo da presidente, e nem precisa mais pintar o céu com arco-íris, pois agora já sabemos que o tempo está nublado, com previsão de trovoadas para o próximo ano.