domingo, 10 de julho de 2016

100 ANOS DA ELEIÇÃO DE 1916 EM GARANHUNS. Briga política acabou em 16 assassinatos!!

Disputa entre Rocha Carvalho e Júlio Brasileiro foi significativa para a Hecatombe de Garanhuns!



Por José Cláudio Gonçalves de Lima

Neste domingo, dia 10 de julho, completa um século de uma das mais acirradas e disputadas eleições do município de Garanhuns. 

A Comissão do Memorial da Hecatombe e o Instituto Histórico e Geográfico de Garanhuns, para relembrar esse momento histórico que antecedeu a Hecatombe de Garanhuns, estão promovendo a exposição da eleição de 1916, que traz ao público registros iconográficos, lista de eleitores e uma urna do início do século XX. A exposição já está aberta ao público e poderá ser visitada nos horários das 8:00h às 12:00 horas e das 14:00h às 17: 00 horas. 

A DISPUTA ELEITORAL EM GARANHUNS EM 1916. 

A eleição para a sucessão do governo municipal de Garanhuns aconteceria em 10 de julho de 1916. A disputada eleitoral seria marcada por duas cisões no situacionismo, na esfera estadual o Governador Manoel Antônio Pereira Borba havia rompido com o general Dantas Barreto, enquanto em Garanhuns o prefeito Francisco Vieira dos Santos, eleito em 1913 com o apoio do tenente-coronel Júlio Brasileiro havia se afastado da ala Julista passando a fazer oposição ao mandatário político. Diante desse rompimento político estadual e municipal, Manoel Jardim, Francisco Veloso, Sátiro Ivo, Argemiro e Júlio Miranda, grupo Jardinista e que estavam afastados da política decidem apoiar na disputa local para prefeito o Dr. José da Rocha Carvalho e Subprefeito Dr. Antônio Borba Junior. O tenente-coronel Júlio Brasileiro, então deputado estadual, temendo uma derrota, resolve lançar a sua candidatura a Prefeito, tendo como companheiro de chapa e candidato a Subprefeito o capitão Thomaz da Silva Maia. 
Instituto Histórico de Garanhuns

Durante a campanha, o capitão Francisco Sales Vila Nova, oposicionista, denunciava através de notas pagas nos jornais da Capital os excessos de violências cometidas por parentes e correligionários de Júlio Brasileiro, revelando que cruzes negras estavam sendo colocadas nas casas dos adversários políticos e que uma lista negra estava sendo preparada com os nomes dos oposicionistas para que logo após a vitória de Júlio Brasileiro todos fossem surrados a cipó-de-boi numa sessão de três carrascos para cada um. 

A campanha eleitoral transcorreu nesse clima de insegurança e algumas casas dos adversários políticos de Júlio Brasileiro foram emporcalhadas com fezes humanas, entre elas a do major Sátiro Ivo. 

Comissão da Hecatombe, com representantes de instituições
 e familiares dos personagens envolvidos
Realizada a eleição em 10 de julho, os resultados das urnas foram esmagadoras, o tenente-coronel Júlio Brasileiro obteve 1.114 votos, enquanto o seu adversário Dr. Rocha Carvalho 428 votos. A vitória da ala dominante foi acintosa e extensivamente comemorada por parentes, amigos e correligionários, contudo, a eleição foi anulada, pois de acordo com a lei eleitoral o tenente-coronel Júlio Brasileiro era inelegível, pois seu mandato de deputado só terminaria em novembro daquele ano, o que lhe impediria de concorrer ao cargo de Prefeito, também as denúncias de títulos eleitorais duplicados contribuíram para a anulação do pleito. Mediante os protestos da oposição, o Governador Manoel Borba acabou encontrando um estratagema político para tentar agradar os antagônicos, marcar uma nova eleição para 07 de janeiro de 1917 e transparecer aos opositores uma posição de imparcialidade no processo. Doutor Rocha Carvalho diante da resolução governamental decidi retirar a sua candidatura da disputada. 

No domingo, 07 de janeiro de 1917, realizasse a nova eleição, havendo manifestações nas seções eleitorais, lideradas pelo capitão Sales Vila Nova, que dias antes havia sido ameaçado em plena feira pelo tenente-coronel Júlio brasileiro de surrá-lo se Sales continuasse a publicar notas sobre ele nos jornais. 

Apesar dos contratempos a eleição transcorreu normalmente, e o resultado oficial seria divulgado um mês depois, 07 de fevereiro de 1917. Sete dias depois o tenente-coronel Júlio brasileiro seria assassinado no Café Chile em Recife, e no dia seguinte aconteceria a Hecatombe de Garanhuns. 

Texto: 
Professor José Cláudio Gonçalves  
Representante do IHGG na Comissão do Memorial da Hecatombe.

SAIBA MAIS SOBRE O ASSUNTO


Com o assassinato de Júlio Brasileiro, sua esposa, Ana Duperron, teria cobrado de seus correligionários e parentes a vingança imediata, e ela aconteceu de forma impressionante. Capangas da região foram contratados para um assassinato em massa dos opositores, e como parte do plano, a polícia daria segurança a todos que se abrigassem na cadeia pública. Mas alguns herois, como Cabo Cobrinha, foram poucos para a invasão e assassinato das principais personalidades políticas da época. Um trauma que perdurou por décadas, e hoje é relembrado, mesmo 100 anos depois, pois mudou os rumos da sociedade.





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