segunda-feira, 12 de junho de 2017

Ensino técnico encurta caminho para mercado de trabalho, no Agreste. SAIBA MAIS!

Cursos em Escolas Técnicas têm facilitado o ingresso de jovens ao mercado de trabalho

Escola Técnica Estadual José Nivaldo Pereira Ramos, em Santa Cruz do Capibaribe, foi oficialmente inaugurada em 2015. O Governo do Estado está iniciando a construção da ETE em Garanhuns, no antigo Parque de Exposições.
Foto: Alyne Pinheiro/Divulgação

Por: Larissa Lins - Diario de Pernambuco

O curso técnico em administração não esteve sempre nos planos de Ewerton Lira, de 18 anos, mas foi o bastante para que o garoto se tornasse peça essencial no hotel da família, em Santa Cruz do Capibaribe. Caruaruense radicado desde a infância na cidade do Agreste pernambucano, ele descobriu o curso quando estava à procura de vaga no 1º ano do Ensino Médio na rede pública da região, ainda em 2014. Decidiu abraçar a oportunidade e se submeteu ao processo seletivo da Escola Técnica Estadual (ETE) José Nivaldo Pereira Ramos, em que o curso é ministrado em paralelo ao ensino médio regular. Foi o terceiro colocado entre 46 nomes selecionados e distribuídos nas duas turmas de estreia da unidade de ensino.

As aulas dos cursos técnicos são ministradas em paralelo à grade curricular obrigatória do Ensino Médio. Foto: Alyne Pinheiro/Divulgação

“Foi uma fase de muito aprendizado. Entendi conceitos que vou levar para qualquer trabalho, como os princípios básicos da organização. Se hoje mantenho meu material de trabalho em ordem, minha mesa, minha papelada, foi no curso técnico que descobri a importância disso”, lembra Ewerton, que comemora o primeiro emprego com carteira assinada. Filho da cozinheira Erenilza Lira e do serralheiro Severino Lira, o rapaz assumiu a recepção do hotel Santa Cruz Charm Hotel, empreendimento inaugurado em fevereiro de 2017 por sua tia, Maria Aparecida Lira, numa das principais avenidas da área central do município. 

Antes disso, a ajudou a calcular os custos operacionais do novo investimento, estabelecer valores para as diárias, estimar o lucro possível no ramo e desenvolver estratégias de marketing. “Não teria conseguido ajudá-la nesse ponto de partida, nem teria conseguido o emprego, se não tivesse a formação técnica no currículo”, observa.

O jovem gerencia as entradas e saídas de hóspedes em hotel
recém-inaugurado em Santa Cruz, no Agreste do estado,
põe em prática o que aprendeu no curso de administração.
Foto: Rafael Martins/DP
Durante os estudos, Ewerton dividiu a sala com estudantes de municípios próximos, como Toritama, Taquaritinga do Norte, Brejo da Madre de Deus e Jataúba. Orçada em R$ 7,4 milhões, a Escola Técnica Estadual José Nivaldo Pereira Ramos foi oficialmente inaugurada em 2015 e hoje oferece também os cursos técnicos em logística e rede de computadores. “A dinâmica das aulas é um ponto interessante. Entre uma aula de biologia e matemática, disciplinas comuns do ensino médio regular, tínhamos aula de gestão, organização, economia...”, explica. No trato com os visitantes, a maioria envolvida em negócios nos setores de móveis e vestuário, o rapaz até recebeu novas propostas. “Estou em contato com um empresário do ramo da constrição civil de outro estado. Ele me convidou para representar a marca na região, administrar as coisas para ele no município. A formação técnica me dá segurança para dizer que eu topo”. 

Como Ewerton, mais de 1,2 mil estão em formação na ETE José Nivaldo Pereira Ramos, engrossando a lista de jovens qualificados com uma formação técnica a chegarem aptos ao mercado de trabalho até 2018. Ao todo, 12 ETEs como a de Santa Cruz do Capibaribe foram inauguradas nos últimos quatro anos. Entre as 37 escolas técnicas estaduais ativas, mais de 20 mil anos são beneficiados em 42 opções de cursos, como análises clínicas, agropecuária, edificações, mecatrônica, prótese dentária, programação de jogos digitais. Segundo dados da Secretarial Estadual de Educação, foram investidos cerca de R$ 7,4 milhões na construção e equipagem da Escola Técnica José Nivaldo Pereira Ramos, custo que se reflete não apenas no primeiro emprego, mas na manutenção de pequenas empresas familiares. “Alguns colegas de curso estudam para tentar o ensino superior, enquanto outros vão poder assumir os empreendimentos dos pais na cidade”, garante Lira. 

Conselhos dos professores, que costumavam compartilhar suas experiências de mercado, foram determinantes para que ele se envolvesse com a profissão e agora, Ewerton Lira pretende seguir na área administrativa e associá-la a outros sonhos, como ir à universidade na área de saúde. Gerir um hotel próprio é outro objetivo, estimulado pela rotina na recepção do hotel, onde gerencia as entradas e saídas de hóspedes, manutenção do espaço e jornada de funcionários. “Quero fazer faculdade em medicina veterinária. Depois, somar meus conhecimentos e construir uma carreira com a soma do ensino técnico e superior”.

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